Ao que tudo indica, as lideranças tucanas querem estender a “operação mordaça”, previamente aplicada pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), nos diretores de escolas estaduais, ao ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Informações veiculadas na imprensa esta semana dão conta que o nome de FHC não consta na lista de oradores da cerimônia de lançamento da candidatura de Serra, no próximo dia 10 de abril, em Brasília.
O PSDB pretende, com isso, evitar que o eleitor associe diretamente o nome de Serra ao do ex-presidente, que deixou o governo, em 2002, com apenas 29% de aprovação. Para a cúpula tucana, a associação de Serra a FHC poderia provocar um desgaste da imagem do governador de São Paulo, já que a rejeição a Fernando Henrique Cardoso é grande. Além disso, uma maior exposição de FHC conduziria a campanha para um tom plebiscitário, exatamente o almejado pelo presidente Lula e que não é o pretendido pela oposição.
Cabe lembrar que em artigo publicado no dia 7 de fevereiro deste ano na Folha de São Paulo, FHC declarou que toparia uma comparação entre a gestão dele e a de Lula, o que deixou bastante preocupados os tucanos, já que estes sabem que uma comparação tende a beneficiar Dilma. No artigo, o ex-presidente diz que “se o lulismo quiser comparar sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer”.
FHC diz que o importante é a mensagem do candidato
Mesmo com a disposição de FHC em fazer as comparações entre seu governo e o governo Lula, o tucanato avalia que essa não é a melhor tática, podendo ser um grande tiro no pé e, por isso, os caciques do partido parecem querer “esconder” o ex-presidente, a fim de que suas declarações não causem maior dano à popularidade de Serra. Na sexta-feira, FHC afirmou a jornalistas que não participará do dia-a-dia da campanha de Serra.
Sobre o seu nome não constar na lista de oradores da cerimônia de lançamento da candidatura de Serra, FHC declarou que "(...) quando tem muitos oradores, eu prefiro não falar, não por nada, é só para não cansar mais. Eu acho que numa festa como essa o importante é a mensagem do candidato, os outros vão ser acólitos, eu inclusive, vou estar lá para bater palma. Se for o caso de eu falar, eu falo, mas a fala mesmo que eu quero ouvir é de Serra".
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, nega, contudo, que o PSDB queira esconder o ex-presidente. “Não acredito que isso [isolamento] vá acontecer. O presidente Fernando Henrique é um homem do qual todos nos orgulhamos. Não haveria o governo do presidente Lula se não tivesse havido o governo do presidente Fernando Henrique”, declarou Aécio.
Verdade seja dita: apesar das lideranças tucanas negarem, fica cada dia mais claro que o PSDB pretende deixar FHC fora dos holofotes nesta campanha. Afinal de contas, Serra já terá grandes dificuldades de vencer Dilma, que terá como “cabo eleitoral” ninguém menos que o presidente Lula, cuja popularidade supera os 80%. Assim, o que Serra definitivamente parece não querer é alguém como FHC, especialista em marcar gol contra!
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