Cardápio do boteko

quarta-feira, 31 de março de 2010

Um "bota fora" merecido para Serra



A quarta-feira foi de comemorações no Estado de São Paulo: o governador José Serra (PSDB) renunciou nesta tarde ao cargo para disputar a Presidência da República, em outubro próximo. E, naturalmente, a data não poderia passar despercebida, afinal de contas o tucano deixa o cargo com um legado de desvalorização do funcionalismo público, investimentos escassos em políticas sociais, combate mínimo à criminalidade, falta de investimentos em combate às enchentes etc.

Não foi à toa que mais de 40 entidades sindicais do funcionalismo público paulista organizaram um “bota fora” bem merecido para Serra ao longo desta quarta-feira, mostrando à população de São Paulo os feitos reais do agora ex-governador. Ao meio-dia, os servidores organizaram um “almoço de gala” no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. A festa foi muito animada e o almoço servido ao preço módico de R$ 4,00, o valor do “vale-coxinha” que Serra paga aos funcionários públicos sob o nome de “ticket refeição”.

Em seguida, ali mesmo na Paulista, os professores estaduais realizaram nova manifestação contra o governo Serra, que se recusa a receber o comando de greve para negociar suas reivindicações. A categoria segue em greve desde o dia 8 de março, reivindicando uma recomposição salarial de 34,3%, além de incorporação das gratificações no salário básico e uma série de mudanças na política de Educação imposta pelo tucanato em São Paulo.

Milhares de servidores no bota fora de Serra
De acordo com a Apeoesp, 40 mil professores compareceram na manifestação realizada nesta tarde, que chegou a interditar as duas vias da Paulista. Além dos servidores da educação, os funcionários da Saúde também fizeram manifestação logo cedo, reivindicando, além de uma reposição de 40% por perdas salariais, o fim da terceirização dos serviços de Saúde, marca registrada do governo Serra em São Paulo. O sucateamento do SUS no Estado também foi denunciado.

Após a manifestação na Paulista, os servidores seguiram em passeata até a Praça da República, onde ocorreu o grande ato de bota fora do governador. Cabe destacar que nas últimas manifestações da categoria, o governo Serra valeu-se de métodos ditatoriais para tentar calar os grevistas, chegando a colocar a PM em confronto com os manifestantes, como ocorreu na última sexta-feira, 26, quando 16 pessoas ficaram feridas.

Uma prática do governo Serra que também foi denunciada pela Apeoesp refere-se à infiltração de policiais à paisana no meio dos manifestantes, o que teria ocorrido também no ato da semana passada. A presidente do sindicato dos Professores, Maria Izabel Noronha, indagou: “agente infiltrado em nossa manifestação? A troco de que? Isso é coisa da época da ditadura”. O PSDB e o DEM ameaçaram processar a sindicalista e a Apeoesp por fazerem campanha “contra Serra”, mostrando ainda mais a faceta ditatorial dos demo-tucanos.

Um legado de des-investimento em políticas sociais
Além das práticas repressoras contra os manifestantes, o governo Serra em São Paulo também foi marcado por baixos investimentos em políticas sociais. Para se ter idéia, de acordo com o site Brasília Confidencial, não foi investido absolutamente nada durante a gestão Serra em programas de combate à mortalidade infantil e materna: logo na gestão dele, que se gaba tanto de ter uma preocupação central com a saúde. Mas essa preocupação de Serra com a saúde é questionável não somente por isso: vale lembrar que o ex-governador utilizou repasses do SUS em aplicações do mercado financeiro.

Tanto que o Ministério Público Federal e o Ministério Público Paulista emitiram uma determinação na semana retrasada para que Serra retirasse a verba do SUS que estaria em aplicações financeiras e as colocasse em seu devido lugar: o Fundo Estadual da Saúde. Em termos de políticas de habitação e moradia, o governo Serra também foi um fiasco no Estado de São Paulo: não foi investido um centavo em projetos de habitação de interesse social ao longo do governo do tucano.

Esses são apenas alguns exemplos do legado que o governo Serra deixa no Estado mais rico do país. Naturalmente, se apontarmos detalhadamente este legado, precisaríamos de muitos parágrafos para dar conta de fazer um inventário completo das não-realizações de Serra em São Paulo. Para o bem da população paulista, Serra saiu nesta quarta-feira do governo do Estado (apesar dos tucanos continuarem, o que a rigor implica em continuidade desta política). Esperemos que para o bem da população brasileira, Serra passe bem longe da Presidência da República.

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