Sabe-se que as pesquisas eleitorais, especialmente neste momento da pré-campanha, onde as candidaturas não estão oficializadas, embora estejam praticamente definidas, mostram um retrato do momento e da percepção do eleitor sobre o que está acontecendo à sua volta. Mais importante do que a fotografia estática daquele momento é a tendência que se verifica quando comparamos as pesquisas eleitorais, distribuídas nas suas devidas séries de tempo, e também a análise dos pormenores de cada pesquisa.
Afinal de contas, os levantamentos eleitorais feitos pelos institutos de pesquisa servem bastante como norte de orientação das campanhas à medida que expõe os pontos fortes e fracos de cada candidatura. Neste sentido, as pesquisas Vox Populi e CNT/Sensus divulgadas entre sábado (15) e esta segunda-feira (17) trazem um cenário muito favorável para a candidatura da petista Dilma Rousseff, menos até pelo fato de ambas terem trazido Dilma à frente do seu adversário tucano José Serra, e mais pelas verificações obtidas nos cortes das pesquisas.
Os levantamentos feitos pela Vox Populi e CNT/Sensus são os primeiros após a decisão do PSB de retirar a pré-candidatura à Presidência da República do deputado federal Ciro Gomes, de forma que, por essa razão, nos dão uma dimensão de como foram alocados as intenções de voto que originalmente eram destinadas a Ciro. São pesquisas feitas também em um cenário de maior exposição dos pré-candidatos, que dividem entre si o noticiário político do país. Vejamos, pois, quais são as principais conclusões fornecidas pelos levantamentos divulgados nesse final de semana:
01. Consolidação das candidaturas de Dilma e Serra
Um primeiro recorte das pesquisas nos mostra uma tendência óbvia de consolidação das duas principais candidaturas no cenário da disputa presidencial. Com a maior exposição na imprensa, é natural que os pré-candidatos passem a ficar mais conhecidos e partir daí gere um posicionamento do eleitor, que já começa a pensar o seu voto. O levantamento CNT/Sensus traz um recorte interessante sobre o limite do voto dos entrevistados em relação a cada um dos pré-candidatos, que reforça essa conclusão de maior cristalização das duas principais candidaturas.
Neste sentido, 26,6% dos entrevistados declararam que Dilma é a única candidata em quem votariam, o que representa um ganho de “voto consolidado” de 8,7 pontos percentuais em relação à pesquisa de janeiro, quando 17,9% declaravam votar só em Dilma. Nesta mesma tendência, 25,7% dos entrevistados declararam que o único candidato em que votariam é José Serra, o que equivale a um ganho de voto consolidado de 10,3 pontos percentuais frente a janeiro, quando o tucano alcançava 15,4% nesta categoria.
Por outro lado, o percentual de eleitores que declararam que “poderiam votar” em Dilma caiu 5,1 pontos percentuais, passando de 38,5% em janeiro para 33,4% em maio, mesmo movimento registrado por Serra, que apresentou recuo de 9,6 pontos percentuais, passando de 45,4% para 35,8% dos eleitores que declaravam possibilidade de voto. Ora, à medida que o processo eleitoral vai se deflagrando e ganhando mais corpo, é natural que a parcela dos que declaram possibilidade de voto vá diminuindo, uma vez que o conhecimento em relação aos candidatos e suas propostas faz com que esse “possível voto” migre para o “voto consolidado”.
Podemos perceber isso claramente na pesquisa CNT/Sensus: no caso de Dilma, o avanço do “voto consolidado” na petista (+8,7 pontos percentuais) é maior que o recuo do “voto possível” (-5,1 pontos percentuais). Isso pode ser interpretado da seguinte maneira: Dilma conseguiu convencer uma parcela daqueles que em janeiro declararam possibilidade de voto nela e os transformou em voto consolidado. Mas não apenas isso: como a variação do voto consolidado em Dilma ficou acima da variação do voto possível é plausível pensar que a petista fidelizou eleitores e também atraiu novos votos, que até janeiro estavam propensos a Serra.
Quando fazemos essa mesma análise para o tucano, temos confirmado o cenário de melhor desempenho da petista. O percentual de votos consolidados de Serra cresceu 10,3 pontos percentuais, dos quais 9,6 pontos percentuais podem ser atribuídos à fidelização de votos que em janeiro eram classificados como “possíveis”. Ou seja, Serra ganhou apenas 0,7 ponto percentual em cima de eleitores que estavam mais propensos a votar em Dilma em janeiro. Enquanto isso, a petista avançou 3,6 pontos percentuais em cima de votos propensos a Serra no levantamento passado.
02. Grande potencial de crescimento para Dilma
Um outro aspecto importante a ser analisado é o grau de conhecimento dos eleitores em relação a cada pré-candidato. Neste sentido, de acordo com o levantamento do instituto Vox Populi, 56% dos entrevistados declararam conhecer muito bem ou ter apenas algumas informações sobre Dilma, enquanto 75% afirmaram o mesmo sobre Serra. O levantamento também mostrou que 35% dos entrevistados conhecem Dilma só de nome, contra 23% de Serra. O que se vê é que o grau de conhecimento da ex-ministra ainda é menor que o do tucano.
Isso amplia o potencial de crescimento de Dilma, já que à medida que os eleitores forem a conhecendo e a associando ao presidente Lula, é possível que ela receba mais votos, como veremos adiante. Dentre os entrevistados que declararam conhecer muito bem ou possuir apenas algumas informações sobre os candidatos, 57% afirmaram que têm uma imagem positiva de Dilma contra 50% de Serra. Por outro lado, 10% dos entrevistados declararam ter uma imagem negativa de Dilma frente a 15% de Serra. Os que declararam imagem regular foram 30% para Dilma e 31% para Serra.
03. Forte crescimento de Dilma nos maiores colégios eleitorais
Ambas as pesquisas revelaram um crescimento significativo da pré-candidatura governista na região Sudeste, que abriga os três maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Neste sentido, de acordo com a Vox Populi, a petista tem 35% das intenções de voto no Sudeste, empatada tecnicamente com o tucano, que possui 34% das intenções de voto. Na CNT/Sensus, a ex-ministra aparece com 31,5% das intenções de voto, também na zona de empate técnico com o ex-governador de São Paulo, que tem 33,6% das intenções de voto.
Em levantamentos anteriores, Serra aparecia na dianteira das intenções de voto na região. Considerando que o desempenho do tucano é melhor no estado de São Paulo, podemos conjecturar, com base nos números, que a candidatura da petista está se fortalecendo sobretudo em Minas Gerais e Rio de Janeiro, compensando, dessa maneira, a vantagem de Serra no estado governado por ele até março deste ano. Tanto a CNT/Sensus quanto a Vox Populi confirmam que o melhor desempenho de Dilma ocorre no Nordeste, enquanto a melhor performance de Serra se verifica no Sul do país.
04. Aspectos econômicos e sociais são principal critério de voto
Com relação aos critérios de decisão dos eleitores, a pesquisa CNT/Sensus revelou que 44% dos entrevistados balizam a sua escolha levando em conta principalmente os benefícios econômicos e sociais. Se levarmos em conta os dados regionais, este é o principal critérios de escolha para 62,5% dos entrevistados na região Nordeste e para 30,6% na região Sul. No Sudeste, 35,2% declararam que este é o principal critério de escolha na hora do voto.
Por outro lado, 34,9% dos entrevistados afirmaram que o principal critério de escolha é a comparação de currículos dos candidatos. Este é o principal critério para 40,2% dos eleitores da região Sul e 24,1% dos eleitores do Nordeste. No Sudeste, por sua vez, 38,3% dos entrevistados declararam que a escolha do seu candidato passa principalmente pela análise e comparação do currículo de cada um.
O levantamento da CNT/Sensus ainda apontou que 57,1% dos entrevistados julgam que os benefícios econômicos e sociais foram obtidos principalmente por meio de ações econômicas e sociais implantadas no governo Lula, enquanto 17,4% acreditam que estes benefícios foram gerados por medidas tomadas no governo FHC. Um percentual de 16,2% acreditam que os avanços sociais e econômicos foram mérito dos dois governos.
05. Maioria absoluta vê Dilma como continuidade de Lula
Ambos os levantamentos também revelaram que cada vez mais a candidatura de Dilma está sendo colada pelos eleitores ao presidente Lula. Neste sentido, a pesquisa CNT/Sensus mostra que 54,6% dos entrevistados declararam que Dilma é a continuidade do governo Lula, enquanto apenas 25,9% afirmaram que Serra representa esta continuidade. Se analisarmos o corte regional, veremos que Dilma é associada à continuidade de Lula nas seguintes proporções: Norte/Centro-Oeste – 50,3%; Nordeste – 60%; Sudeste – 52,7% e Sul – 54,3%.
No caso da associação de Serra à continuidade de Lula, os dados regionais nos mostram o seguinte cenário: Norte/Centro-Oeste – 28,8%; Nordeste – 18,2%; Sudeste – 28,5% e Sul – 30,2%. No caso da pesquisa Vox Populi, a pergunta feita aos entrevistados foi com relação a qual dos pré-candidatos é apoiado pelo presidente Lula: 74% dos entrevistados afirmaram que Dilma é a candidata apoiada por Lula, enquanto apenas 4% afirmaram que Serra possui o apoio do presidente.
Percebe-se, dessa maneira, que o cenário é amplamente favorável para a candidatura governista. Além do crescimento nos maiores colégios eleitorais do país, Dilma consolida sua candidatura na região Nordeste e consegue, tendo sua imagem associada à continuidade do governo Lula, converter votos possíveis em votos consolidados numa velocidade superior a Serra. Naturalmente, existe toda uma campanha pela frente, mas a tendência é de que o crescimento de Dilma se consolide ainda mais com o início da propaganda eleitoral de rádio e TV, em agosto, quando a imagem da ex-ministra ficará ainda mais colada à do presidente Lula.
Com relação aos critérios de decisão dos eleitores, a pesquisa CNT/Sensus revelou que 44% dos entrevistados balizam a sua escolha levando em conta principalmente os benefícios econômicos e sociais. Se levarmos em conta os dados regionais, este é o principal critérios de escolha para 62,5% dos entrevistados na região Nordeste e para 30,6% na região Sul. No Sudeste, 35,2% declararam que este é o principal critério de escolha na hora do voto.
Por outro lado, 34,9% dos entrevistados afirmaram que o principal critério de escolha é a comparação de currículos dos candidatos. Este é o principal critério para 40,2% dos eleitores da região Sul e 24,1% dos eleitores do Nordeste. No Sudeste, por sua vez, 38,3% dos entrevistados declararam que a escolha do seu candidato passa principalmente pela análise e comparação do currículo de cada um.
O levantamento da CNT/Sensus ainda apontou que 57,1% dos entrevistados julgam que os benefícios econômicos e sociais foram obtidos principalmente por meio de ações econômicas e sociais implantadas no governo Lula, enquanto 17,4% acreditam que estes benefícios foram gerados por medidas tomadas no governo FHC. Um percentual de 16,2% acreditam que os avanços sociais e econômicos foram mérito dos dois governos.
05. Maioria absoluta vê Dilma como continuidade de Lula
Ambos os levantamentos também revelaram que cada vez mais a candidatura de Dilma está sendo colada pelos eleitores ao presidente Lula. Neste sentido, a pesquisa CNT/Sensus mostra que 54,6% dos entrevistados declararam que Dilma é a continuidade do governo Lula, enquanto apenas 25,9% afirmaram que Serra representa esta continuidade. Se analisarmos o corte regional, veremos que Dilma é associada à continuidade de Lula nas seguintes proporções: Norte/Centro-Oeste – 50,3%; Nordeste – 60%; Sudeste – 52,7% e Sul – 54,3%.
No caso da associação de Serra à continuidade de Lula, os dados regionais nos mostram o seguinte cenário: Norte/Centro-Oeste – 28,8%; Nordeste – 18,2%; Sudeste – 28,5% e Sul – 30,2%. No caso da pesquisa Vox Populi, a pergunta feita aos entrevistados foi com relação a qual dos pré-candidatos é apoiado pelo presidente Lula: 74% dos entrevistados afirmaram que Dilma é a candidata apoiada por Lula, enquanto apenas 4% afirmaram que Serra possui o apoio do presidente.
Percebe-se, dessa maneira, que o cenário é amplamente favorável para a candidatura governista. Além do crescimento nos maiores colégios eleitorais do país, Dilma consolida sua candidatura na região Nordeste e consegue, tendo sua imagem associada à continuidade do governo Lula, converter votos possíveis em votos consolidados numa velocidade superior a Serra. Naturalmente, existe toda uma campanha pela frente, mas a tendência é de que o crescimento de Dilma se consolide ainda mais com o início da propaganda eleitoral de rádio e TV, em agosto, quando a imagem da ex-ministra ficará ainda mais colada à do presidente Lula.
Nenhum comentário:
Postar um comentário