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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Em entrevista à Rede TV, Dilma mostra que está preparada para suceder Lula

Quem tem acompanhado as recentes entrevistas de Dilma Rousseff, certamente concorda que a candidata do PT à Presidência da República vem mostrando que de fato é a mais preparada para suceder o presidente Lula e dar continuidade aos avanços iniciados em 2003. Em sua mais recente entrevista, dada ao jornalista Kennedy Alencar, no programa “É Notícia”, da Rede TV, no último domingo, 27, Dilma mostrou-se bastante segura e foi muito clara em suas respostas, sem tergiversar em nenhum momento sequer. A petista falou sobre campanha, sobre sua experiência no governo Lula e sobre desafios que o Brasil tem nos próximos anos.

Um dos momentos mais interessantes da entrevista foi quando Kennedy Alencar perguntou à ex-ministra sobre a tática do seu principal oponente, o tucano José Serra, de procurar desqualificar a experiência de Dilma. A petista destacou que é importante diferenciar experiência eleitoral e experiência administrativa, afirmando que embora essa seja a primeira eleição que ela dispute, ela tem uma larga experiência administrativa. Dilma acrescentou que se considera uma das mais preparadas para o desafio de governar o país, uma vez que nos últimos cinco anos e meio esteve à frente dos principais projetos desenvolvidos pelo governo Lula e conhece a fundo quais são as necessidades do país.

“Eu sempre me orgulharei de ter sido ministra chefe da Casa Civil do presidente Lula. Eu não sei se o meu oponente se orgulha de ter sido Ministro do Planejamento no primeiro mandato de FHC”, disparou a candidata. Dilma também afirmou que o presidente Lula sempre será um grande conselheiro em um eventual governo seu, destacando a relação de grande lealdade e respeito existente entre os dois. Perguntada pelo jornalista Kennedy Alencar se não existe o risco de que, uma vez eleita, ela e o presidente se desentenderem por algum motivo, Dilma destacou que essa possibilidade é muito remota, haja vista que a parceria dela com Lula se dá em torno de um projeto de país que ambos compartilham.

Investimentos em saneamento básico e política de moradia
Considerando a recente tragédia ocorrida em Alagoas e Pernambuco, por conta das fortes chuvas, Kennedy Alencar perguntou à candidata se não foi investido muito pouco na área de forma a evitar acontecimentos como estes. Dilma destacou que esse tipo de tragédia foi decorrente de décadas de falta de investimento do poder público em políticas de saneamento básico e também políticas de moradia, destacando que, com o governo Lula, o Brasil voltou a investir nestas duas áreas. Neste sentido, a ex-ministra apontou os investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) feitos em saneamento básico, reforçando que em governos anteriores não se investia nesta área.

Dilma também destacou a importância do programa Minha Casa, Minha Vida, responsável pela construção de mais de 400 mil moradias para população de baixa renda. Segundo a candidata, pelo fato de no passado os governos anteriores a Lula não terem política habitacional adequada, a população mais pobre, como não tinha condições de adquirir uma moradia digna, acabava ocupando áreas de risco, em morros e encostas e também nas regiões de várzea, próximas a grandes rios. “Os governos anteriores governavam para um terço da população e os dois terços restantes tinham que ‘se virar’ dentro da lógica de mercado”, destacou a ex-ministra, acrescentando que o governo Lula governa para todos os brasileiros, especialmente os mais pobres.

Na questão da Previdência Social, Dilma destacou que não pretende fazer grandes reformas, pelo fato de acreditar que quando se faz uma grande reforma na Previdência, o efeito é o contrário do desejado, pois os trabalhadores próximos à aposentadoria correm para se aposentar e acaba ampliando o déficit. Segundo Dilma, é importante que sejam feitos pequenos ajustes à medida que estes forem se tornando necessários. A petista também fez questão de esclarecer que é preciso ter muito cuidado quando se fala em déficit da Previdência, pois segundo ela se formos ver apenas a previdência dos trabalhadores, existe uma compatibilidade entre o que é arrecadado e o que é pago.

O descompasso ocorre, segundo a candidata, pelos recursos da seguridade social e também pela cobertura à aposentadoria de trabalhadores rurais, que, por serem políticas sociais de importância fundamental, não podem ser consideradas “déficit” da previdência. A petista reforçou que até 2050 não será preciso uma grande reforma da previdência, uma vez que o Brasil possui o que ela chama de “bônus demográfico”, ou seja, a grande maioria da população faz parte da PEA (População Economicamente Ativa) e por isso está em idade de trabalho. Dilma ainda destacou que se eleita continuará a política de equilíbrio macroeconômico do presidente Lula, focando duas vertentes principais: o crescimento econômico e a redução do endividamento do país.

Terrorismo eleitoral
Questionada por Kennedy Alencar sobre o que ela acha do discurso do PSDB de que o PT e sua campanha estariam fazendo terrorismo eleitoral, Dilma foi assertiva, afirmando que “se tem alguém que fez terrorismo eleitoral nesse país foi o próprio PSDB”, recordando o discurso “do medo” reproduzido pelos tucanos na campanha de 2002. A ex-ministra relembrou que naquela época, os tucanos disseminavam o discurso de que, se eleito, Lula colocaria em risco todo o equilíbrio econômico do país, chegando ao ponto de no segundo turno da campanha presidencial terem feito um vídeo com a atriz Regina Duarte dizendo que tinha medo do então candidato Lula.

De acordo com Dilma, os tucanos dizem que o PT faz terrorismo eleitoral quando compara o governo Lula com o governo FHC, reforçando que isso não é terrorismo eleitoral, mas um mero esclarecimento para o eleitor dos projetos de cada um dos partidos. Segundo a ex-ministra, em um debate presidencial tem que se discutir o que cada partido fez para o país quando foi governo, comparando as ações e os projetos desenvolvidos e que isso naturalmente não constitui terrorismo eleitoral. Dilma destacou, neste ponto, o programa de privatizações promovido pelos tucanos, criticando, sobretudo, a privatização de setores estratégicos para o país, como o setor elétrico. A ex-ministra lembrou ainda da tentativa de mudar o nome da Petrobras, no governo FHC, para PetrobraX.

Sobre o episódio do suposto “dossiê” contra a campanha de Serra, a petista afirmou categoricamente que sua campanha não produziu nenhum tipo de documento contra o tucano e declarou que abomina qualquer tipo de expediente dessa natureza. Dilma reforçou que o PT entrou com um processo contra o PSDB e o candidato José Serra por ofensa moral contra o partido e contra ela. De acordo com a ex-ministra, a insistência do PSDB nesse episódio do dossiê tem o claro propósito de tentar desviar o foco do debate, que segundo ela deve recair sobre projetos e propostas para o país.

De uma maneira geral, a entrevista de Dilma ao jornalista Kennedy Alencar foi muito boa, pois a petista mostrou que tem um grande prepara para suceder o presidente Lula no governo do país. Além de um conhecimento profundo do Brasil, Dilma deve trazer o olhar feminino para a política, ampliando e acelerando projetos vitoriosos que foram iniciados no governo Lula. Uma coisa deve ser dita: credenciais não faltam para que Dilma seja a primeira mulher a ocupar a Presidência da República do nosso país. Isto é cada dia mais evidente.

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