Mesmo estando em Paris, onde passou os últimos dias, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não deixou de nos brindar com suas declarações contraditórias, verdadeiras “pérolas” da cena política brasileira nestas eleições. Temos que admitir: FHC se esforça para ajudar o seu correligionário, o candidato tucano à Presidência da República José Serra, mas quanto mais o ex-sociólogo fala, mais Serra despenca nas pesquisas de intenções de voto. Tanto é verdade que logo no início da pré-campanha a alta cúpula tucana não poupou esforços para evitar aparições públicas de FHC ao lado de Serra, tentando minimizar a associação entre os dois.
Tarefa infrutífera! O ex-sociólogo, que transborda vaidade, parece não estar mais na fase de se sujeitar a mandos e desmandos partidários e se sente à vontade para dizer tudo que lhe vem à cabeça. Uma coisa é verdade e também temos que reconhecer: o ex-presidente sempre procurou politizar o debate em torno da sucessão de Lula, comportando-se verdadeiramente como oposição e desde o início deste processo deixando claro que o projeto tucano é totalmente distinto do projeto petista. Embora esta estratégia tenha encontrado resistência no início da pré-campanha, nesta altura do campeonato tudo indica que é o que resta para o candidato tucano tentar reverter o jogo, desfavorável a ele.
E o ex-sociólogo parece observar tudo com um sorrisinho de canto, como quem diz aos seus correligionários: “viram só? Eu avisei que o caminho teria que ser esse”. Tal como aquele tio velho e sabichão que acha que tudo sabe e se acha no dever de aconselhar toda a família, assim se comporta FHC. Ele é o tio velho do PSDB. E assim como os conselhos do tio velho sabichão prevalecem na família, isto também parece ocorrer no ninho tucano. E caso os conselhos não sejam seguidos, o tio velho sabichão ri de canto e murmura: “eu avisei”! Talvez seja essa a razão pela qual os tucanos tremem ao saber que FHC está para dizer algo: ou ele dirá algo que a “família” não quer ouvir ou dirá algo que depõe contra a “família”.
A contradição no discurso de FHC
Nesta semana, o ex-presidente, mesmo à distância, conseguiu fazer dizer estes dois tipos de coisas: uma que os tucanos certamente não gostariam de ouvir e outra que os deixam “envergonhados”, tamanha a insanidade de seu conteúdo. Vamos lá: na quarta-feira, 23, a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo trouxe uma nota revelando que FHC teria confidenciado a um assessor da mais absoluta confiança que tem sérias dúvidas sobre a possibilidade de José Serra vencer a disputa presidencial deste ano. E ainda teria emendado: “e olha que eu estou tentando ajudar”.
Aqui, o ex-sociólogo anuncia uma realidade que os tucanos não gostariam de ouvir, mas que já atormentava a núcleo da campanha tucana desde o início de junho, quando estiveram reunidos em São Paulo para traçar novas estratégias para a campanha. A postura centralizadora de Serra e a demora do candidato para escolher (e anunciar) seu vice foram, naquele encontro, as principais críticas destacadas pelo ex-presidente, sendo ainda endossadas pelo ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Vejam que aqui FHC assumiu o papel do tio velho sabichão: ele primeiramente aconselhou – “Serra, faça dessa maneira que dará certo”. Serra não fez e as coisas não correram do jeito esperado. Agora, o tio velho sabichão anuncia: “viu só? Eu avisei”.
Mas como todo tio velho sabichão, o ex-sociólogo não quer parecer um ranheta, que só sabe apontar os erros dos outros e finalizar com um incômodo “eu tinha avisado”. Já perceberam que todo tio velho sabichão, logo que diz algo incômodo à família, tenta fazer uma espécie de afago, até mesmo para que ele não caia no ostracismo familiar, sendo rejeitado por todos. Pois bem, é exatamente assim que FHC agiu. Pela manhã, o ex-sociólogo praticamente jogou a toalha, duvidando da possibilidade de Serra vencer o pleito de outubro. No período da tarde, o cenário desfavorável para os tucanos foi confirmado pela divulgação da pesquisa CNI/Ibope, que mostrou a candidata do PT, Dilma Rousseff, à frente do tucano.
Isso mereceu um afago de FHC em seus correligionários. Segundo a coluna Radar, da Veja, o ex-presidente teria afirmado, por telefone, a tucanos que ligaram desesperados para ele a fim de encontrarem uma explicação sobre a dianteira de Dilma: “na campanha, o desempenho dele [de Serra] será superior”, emendando “ninguém sabe o que ela [Dilma] pensa, o que ela propõe”. Tentando afagar os seus correligionários, FHC acabou por dizer uma grande bobagem, que contradisse tudo que ele tinha afirmado anteriormente. Ora, se ninguém sabe o que Dilma propõe, como dito por FHC, não teria razões para o ex-presidente duvidar da possibilidade de vitória de Serra nas eleições.
A própria contradição do discurso de FHC mostra o quão falaciosa foi essa frase. Afinal de contas, todo mundo sabe o que Dilma propõe. A petista é muito clara nas suas propostas. Tanto é que de acordo com a mais recente pesquisa CNI/Ibope nada menos do que 73% dos eleitores já associam a ex-ministra à continuidade do governo Lula. Ou seja, os eleitores sabem exatamente o que Dilma propõe: “continuar o governo Lula; não repetir, mas sim progredir”, como dito pela petista ao jornal espanhol El País no final de semana passado. Se os eleitores não soubessem o que Dilma propõe, ela não estaria crescendo continuamente nas pesquisas de intenção de voto.
Agora, quem o eleitor não sabe o que propõe é o candidato José Serra. Sim, porque o discurso do tucano não apresenta consistência; cada hora ele se posiciona de uma maneira distinta sobre determinados assuntos, tentando agradar a todos, mas agradando, na verdade, a poucos. Como a própria ex-ministra declarou meses atrás, o tucano mais parece uma “biruta de aeroporto”, pois até agora não apresentou propostas exatas. As idéias apresentadas por Serra resumem-se ao lema de sua campanha: “o Brasil pode mais”, mas ele não diz que “mais” é esse e como fazer esse mais. Em síntese, Serra não proposta nem discurso.
Exatamente por isso que, ao tentar “afagar” seus correligionários, após ter profeticamente decretado a derrota de Serra, o ex-presidente FHC acabou por dizer uma grande bobagem, haja vista que os eleitores sabem muito bem o que propõe Dilma. O mesmo, contudo, não se pode dizer em relação a Serra. Dessa maneira, cada dia mais FHC se aproxima da imagem do tio velho sabichão, que sentado no canto da sala em sua cadeira de balanço, espreita a todos da família: ora fala verdades que ninguém que incomodam a família intera, ora tenta afagar a todos, mas acaba por dizer grandes bobagens.
Tarefa infrutífera! O ex-sociólogo, que transborda vaidade, parece não estar mais na fase de se sujeitar a mandos e desmandos partidários e se sente à vontade para dizer tudo que lhe vem à cabeça. Uma coisa é verdade e também temos que reconhecer: o ex-presidente sempre procurou politizar o debate em torno da sucessão de Lula, comportando-se verdadeiramente como oposição e desde o início deste processo deixando claro que o projeto tucano é totalmente distinto do projeto petista. Embora esta estratégia tenha encontrado resistência no início da pré-campanha, nesta altura do campeonato tudo indica que é o que resta para o candidato tucano tentar reverter o jogo, desfavorável a ele.
E o ex-sociólogo parece observar tudo com um sorrisinho de canto, como quem diz aos seus correligionários: “viram só? Eu avisei que o caminho teria que ser esse”. Tal como aquele tio velho e sabichão que acha que tudo sabe e se acha no dever de aconselhar toda a família, assim se comporta FHC. Ele é o tio velho do PSDB. E assim como os conselhos do tio velho sabichão prevalecem na família, isto também parece ocorrer no ninho tucano. E caso os conselhos não sejam seguidos, o tio velho sabichão ri de canto e murmura: “eu avisei”! Talvez seja essa a razão pela qual os tucanos tremem ao saber que FHC está para dizer algo: ou ele dirá algo que a “família” não quer ouvir ou dirá algo que depõe contra a “família”.
A contradição no discurso de FHC
Nesta semana, o ex-presidente, mesmo à distância, conseguiu fazer dizer estes dois tipos de coisas: uma que os tucanos certamente não gostariam de ouvir e outra que os deixam “envergonhados”, tamanha a insanidade de seu conteúdo. Vamos lá: na quarta-feira, 23, a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo trouxe uma nota revelando que FHC teria confidenciado a um assessor da mais absoluta confiança que tem sérias dúvidas sobre a possibilidade de José Serra vencer a disputa presidencial deste ano. E ainda teria emendado: “e olha que eu estou tentando ajudar”.
Aqui, o ex-sociólogo anuncia uma realidade que os tucanos não gostariam de ouvir, mas que já atormentava a núcleo da campanha tucana desde o início de junho, quando estiveram reunidos em São Paulo para traçar novas estratégias para a campanha. A postura centralizadora de Serra e a demora do candidato para escolher (e anunciar) seu vice foram, naquele encontro, as principais críticas destacadas pelo ex-presidente, sendo ainda endossadas pelo ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Vejam que aqui FHC assumiu o papel do tio velho sabichão: ele primeiramente aconselhou – “Serra, faça dessa maneira que dará certo”. Serra não fez e as coisas não correram do jeito esperado. Agora, o tio velho sabichão anuncia: “viu só? Eu avisei”.
Mas como todo tio velho sabichão, o ex-sociólogo não quer parecer um ranheta, que só sabe apontar os erros dos outros e finalizar com um incômodo “eu tinha avisado”. Já perceberam que todo tio velho sabichão, logo que diz algo incômodo à família, tenta fazer uma espécie de afago, até mesmo para que ele não caia no ostracismo familiar, sendo rejeitado por todos. Pois bem, é exatamente assim que FHC agiu. Pela manhã, o ex-sociólogo praticamente jogou a toalha, duvidando da possibilidade de Serra vencer o pleito de outubro. No período da tarde, o cenário desfavorável para os tucanos foi confirmado pela divulgação da pesquisa CNI/Ibope, que mostrou a candidata do PT, Dilma Rousseff, à frente do tucano.
Isso mereceu um afago de FHC em seus correligionários. Segundo a coluna Radar, da Veja, o ex-presidente teria afirmado, por telefone, a tucanos que ligaram desesperados para ele a fim de encontrarem uma explicação sobre a dianteira de Dilma: “na campanha, o desempenho dele [de Serra] será superior”, emendando “ninguém sabe o que ela [Dilma] pensa, o que ela propõe”. Tentando afagar os seus correligionários, FHC acabou por dizer uma grande bobagem, que contradisse tudo que ele tinha afirmado anteriormente. Ora, se ninguém sabe o que Dilma propõe, como dito por FHC, não teria razões para o ex-presidente duvidar da possibilidade de vitória de Serra nas eleições.
A própria contradição do discurso de FHC mostra o quão falaciosa foi essa frase. Afinal de contas, todo mundo sabe o que Dilma propõe. A petista é muito clara nas suas propostas. Tanto é que de acordo com a mais recente pesquisa CNI/Ibope nada menos do que 73% dos eleitores já associam a ex-ministra à continuidade do governo Lula. Ou seja, os eleitores sabem exatamente o que Dilma propõe: “continuar o governo Lula; não repetir, mas sim progredir”, como dito pela petista ao jornal espanhol El País no final de semana passado. Se os eleitores não soubessem o que Dilma propõe, ela não estaria crescendo continuamente nas pesquisas de intenção de voto.
Agora, quem o eleitor não sabe o que propõe é o candidato José Serra. Sim, porque o discurso do tucano não apresenta consistência; cada hora ele se posiciona de uma maneira distinta sobre determinados assuntos, tentando agradar a todos, mas agradando, na verdade, a poucos. Como a própria ex-ministra declarou meses atrás, o tucano mais parece uma “biruta de aeroporto”, pois até agora não apresentou propostas exatas. As idéias apresentadas por Serra resumem-se ao lema de sua campanha: “o Brasil pode mais”, mas ele não diz que “mais” é esse e como fazer esse mais. Em síntese, Serra não proposta nem discurso.
Exatamente por isso que, ao tentar “afagar” seus correligionários, após ter profeticamente decretado a derrota de Serra, o ex-presidente FHC acabou por dizer uma grande bobagem, haja vista que os eleitores sabem muito bem o que propõe Dilma. O mesmo, contudo, não se pode dizer em relação a Serra. Dessa maneira, cada dia mais FHC se aproxima da imagem do tio velho sabichão, que sentado no canto da sala em sua cadeira de balanço, espreita a todos da família: ora fala verdades que ninguém que incomodam a família intera, ora tenta afagar a todos, mas acaba por dizer grandes bobagens.
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