É razoável esperar que um candidato à Presidência da República tenha conhecimentos profundos da realidade do país que deseja governar. Afinal de contas, todas suas propostas devem ser feitas baseando-se nessa realidade e buscando soluções aos principais problemas detectados. Posto isso, quem assistiu à entrevista dos pré-candidatos Dilma Rousseff (PT), no dia 21 de abril, e de José Serra (PSDB), nesta segunda-feira, 26, ao jornalista José Luiz Datena, certamente concluiu que a pré-candidata governista leva ampla vantagem sobre o adversário tucano.
Isso porque, em sua entrevista, Dilma mostrou um conhecimento profundo sobre os principais temas do país: a ex-ministra aprofundou-se muito bem no debate sobre educação, saúde, combate à corrupção e política externa. O pré-candidato tucano, por sua vez, teve uma grande dificuldade em encontrar um discurso, já que ele não poderia criticar abertamente o governo Lula mas também tinha que encontrar argumentos para justificar o porquê votar nele e não em Dilma, candidata natural à sucessão.
Dessa maneira, enquanto a petista aprofundou-se nos temas relevantes, mostrando um grande conhecimento, natural a quem esteve durante cinco anos e meio no centro das decisões políticos, ao lado do presidente Lula, o pré-candidato tucano apenas passeou pelos temas, mostrando conhecimento superficial dos mesmos. O entrevistador, por sua vez, usou diversas vezes, nas duas entrevistas, a tática de “encostar os entrevistados na parede”: Dilma se saiu muito bem, enquanto Serra perdeu-se algumas vezes.
Quem disse que Dilma não está preparada?
Uma avaliação geral do desempenho de Dilma e Serra nas entrevistas concedidas por ambos ao “Brasil Urgente”, da Band, nos leva a pensar no seguinte questionamento: a grande imprensa e os demo-tucanos têm mesmo razão em pensar que Dilma não está preparada para a campanha pelo fato de nunca ter disputado uma eleição? E a resposta clara aqui é não! Aqueles que pensam que Dilma possa tropeçar durante sua campanha, pelo fato de ser uma “estreante” em eleições, terão que reformular totalmente suas idéias.
Para um eleitor indeciso que assistiu a entrevista de Dilma, fica muito claro qual é o projeto da ex-ministra: um governo seu será uma continuidade do governo Lula. A pré-candidata deixa isso muito bem claro. Enquanto isso, se esse mesmo eleitor assistiu à entrevista de Serra, não lhe ficou claro o projeto do tucano: porque Serra nem atacou abertamente o governo Lula e se limitou a dizer que “vai continuar o que está bom e melhorar o que não está”. Ora, o eleitor indeciso se pergunta: para que votar em Serra então, se Dilma claramente é a continuação de Lula?
E é legítimo que o eleitor se faça essa pergunta porque o próprio Serra não sabe responde-la! Essa tem sido a grande dificuldade do tucano nessa fase de pré-campanha. Vamos a um segundo ponto: enquanto Dilma conhece a fundo os problemas do país, até pelo fato de ter viajado bastante ao lado de Lula, Serra mostra que não tem um conhecimento profundo sobre o Brasil. E se Serra esperava obter vantagem tirando o foco da comparação Lula x FHC e trazendo para Serra x Dilma, por apostar em sua biografia de administrador público, ele se deu mal: Dilma mostrou que é melhor gestora que ele.
Vê-se, dessa maneira, que ao que tudo indica somente a imprensa demo-tucana tem avaliado que Serra está se saindo melhor do que Dilma, por razões que todos nós sabemos quais são. Mas quem vê os dois falando dos seus projetos e dos desafios do Brasil pós-Lula não tem dúvida: Dilma é a mais preparada e a mais capacitada para suceder o presidente Lula, seja pelo seu amplo conhecimento sobre a realidade brasileira, seja por seu compromisso verdadeiro em dar continuidade aos avanços obtidos no país nesses últimos 8 anos.
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