Dilma participa de entrevista coletiva à RBS, no RS: a pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, participou nesta quarta-feira, 12, do Painel RBS, um programa da rede gaúcha RBS transmitido por rádio, TV e internet. No encontro, a ex-ministra respondeu a questões feitas pelos jornalistas presentes, sobre os mais variados assuntos. A entrevista durou cerca de uma hora e meia, e abaixo estão os principais pontos discutidos:
Educação
“Acredito que seja uma das questões mais importantes para o Brasil. Nessa agenda, uma questão é decisiva: a volta da avaliação do aprendizado e a introdução de tecnologias modernas e melhores práticas educacionais. Mas tem outro ponto chave, que é a formação dos professores. Tem que ter formação continuada. Precisa ser requisito da formação universitária e um piso salarial, que hoje é de R$ 1.024 e ainda não é suficiente. O Brasil vai ter que evoluir nisso. E aí precisamos ter avaliação do professor, que não é contra ele, e sim para ajudá-lo na carreira.”
“As nossas universidades devem formar bons professores. Muitos não querem a pedagogia porque paga-se mal. Mas a universidade é também centro de pesquisa. A universidade tem que ser pública e gratuita para formar engenheiros, químicos e biólogos. Primeiro, tem que apostar na educação de forma pesada e usar a universidade para criar valor e inovar.”
Diferenças entre Lula e Dilma
“Para nós, dar continuidade significa avançar, porque construímos as condições para avançar. A dona de casa sabe disso, só tem condições de gastar caso tenha criado condições de investir. Convivi com o Lula e geri os programas do governo. O que sou diferente do Lula é que o meu horizonte de oportunidades é muito maior. Tem um estudo do Ipea que diz que se pode acabar com a pobreza extrema até 2016. Por isso, devemos colocar metas claras. Criamos as condições para isso e temos todas as condições de sair de país emergente para ser país desenvolvido”.
Aborto
“Nenhuma mulher defende ou diz que quer fazer, porque é uma violência contra ela. Graças a Deus, não tive que fazer, mas conheci quem fez e entrava chorando e saía chorando. Essa não é uma questão pessoal minha, sua ou da Igreja. É saúde pública. A legislação prevê casos, e acho que nesses casos que tratam de condições adversas de gravidez, como a violência, e risco de vida não é possível deixar que mulheres das classes populares utilizem métodos medievais, como agulha de tricô, chás absurdos e outras práticas. Enquanto isso, alguns têm acesso aos serviços de saúde. A legislação brasileira é muito clara”.
“Um governo não tem que ser a favor ou contra um aborto. Precisa ser a favor de uma política pública, e eu acho que não existe mulher pró-aborto. Na sensibilidade da mulher, o aborto é uma agressão física e a mulher recorre a isso num desespero”.
Política Externa
“O que achamos fundamental foi colocado na política externa nos últimos anos, o multilateralismo. Dar preferência para os parceiros principais, mas abrir negociações com outros. O Brasil teve uma postura forte no G-20, assumiu a liderança necessária e no caso dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) existe hoje uma parceria que vai se provar importante para as alianças internacionais”.
“O Brasil é fator de estabilidade na América Latina. E todas as atitudes em questões de atrito se mostraram corretas, a atitude não bélica. O Brasil não é visto como superpotência, é visto como respeitador”.
Irã
“Assisti à questão do Iraque e lembro que, naquela época, o presidente [Lula] disse: a minha guerra é contra a fome e não concordo com guerra no Iraque. A prudência do Brasil se mostrou acertada. Não havia armas de destruição em massa. O Irã tem mais de 70 milhões de pessoas, e naquela região ele tem papel significativo”.
“A posição do Brasil é que não é bom quando se isola uma pessoa, um país ou um movimento social. Deve-se estabelecer um canal de diálogo, e isso ajuda a colocar algumas exigências. Vi duas manifestações do presidente contra as armas nucleares e contra a posição do Irã de extermínio dos judeus”.
Aposentados
“É uma questão séria no Brasil. Para 70% dos aposentados, houve reajuste real, porque eles recebem com base no salário mínimo. Em relação aos outros, reconhecemos as perdas, tanto que enviamos ao Congresso um reajuste de 6,14%. Esse valor estava dentro do nosso reconhecimento de recuperação da perda e levava em conta as nossas disponibilidades de receita. Chegamos até a 7%. Não tenho como avaliar o impacto do 7,7%. Esse aumento de 6,14% foi feito em acordo com as centrais sindicais. Não tomaremos nenhuma medida demagógica para ganhar eleição. Não precisamos e não fazemos”.
Vendas do comércio têm maior alta desde 2001: o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta quarta-feira, 12, seu levantamento referente ao desempenho do comércio varejista no Brasil. Neste sentido, as vendas do comércio apresentaram uma expansão de 15,7% em março deste ano, na comparação com igual período do ano anterior. Esta é a maior expansão registrada pelo indicador desde 2001, quando o IBGE deu início à série histórica das vendas do comércio.
Se considerarmos os dados do 1º trimestre, constataremos que houve expansão de 12,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior, corroborando o desempenho bastante satisfatório do comércio brasileiro. Já as vendas no comércio varejista ampliado - que inclui ainda o desempenho de veículos e motos, partes e peças e material de construção apenas no varejo - apresentaram forte avanço de 22,0% em março deste ano, tendo-se como base de comparação o mesmo mês do ano anterior.
Os setores de veículos e motos e de materiais de construção foram os que mais puxaram a alta em março deste ano. De acordo com os dados do IBGE, as vendas de veículos e motos registraram expressivo crescimento de 32,4% na comparação com março de 2009, enquanto as vendas de materiais de construção ampliaram-se em 19,5% nessa mesma comparação. A receita nominal de vendas no comércio apresentou uma forte expansão de 19,1% entre março do ano passado e igual período desse ano.
Bancos apostam em crescimento econômico de 6,3% em 2010: de acordo com uma pesquisa feita pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), as instituições bancárias do país apostam em uma forte expansão da economia brasileira este ano, em sintonia com as expectativas de todo o mercado. Segundo o levantamento, o PIB (Produto Interno Bruto) deve registrar uma elevação de 6,3% em 2010, projeção 0,8 ponto percentual acima do crescimento de 5,5% previsto em levantamento feito pela Febraban em março deste ano.
As instituições bancárias também acreditam que a inflação oficial – medida pelo IPCA do IBGE – deverá ficar acima da meta estabelecida pelo governo, fechando o ano em 5,5%. Com esta expectativa de inflação acima da meta, os bancos consultados pela Febraban projetam novas elevações da taxa básica de juro da economia, devendo a Selic encerrar 2010, segundo o relatório, no patamar de 11,75% ao ano, o que represente 2,25 pontos percentuais acima do valor no qual a taxa se encontra atualmente.
Os dados, contudo, reforçam a idéia de um crescimento mais vigoroso, de forma que o economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg, declara que “os dados consolidam um cenário de crescimento expressivo, inflação acima do centro da meta, mas não explosiva, e com aumento da Selic para conter essas pressões inflacionárias”. É interessante destacar que, segundo o relatório da Febraban, a economia norte-americana deve crescer 2,7% em 2010, 0,3 ponto percentual acima da projeção feita no levantamento anterior.
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