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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Em entrevista ao Le Monde, Dilma - a "herdeira de Lula" - aponta principais desafios do Brasil

A passagem da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, por Paris, de onde começa uma série de agendas com lideranças européias até o próximo sábado, 19, não passou despercebida à imprensa internacional. Ao contrário da grande imprensa brasileira, que cumpre apenas o papel de criticar a viagem de Dilma, os principais jornais franceses repercutiram muito bem a estada da ex-ministra na França. Neste sentido, o mais importante jornal francês – o Le Monde – publicou nesta quarta-feira, 16, uma matéria muito simpática com Dilma, intitulada ”De Paris, herdeira de Lula se projeta à cena internacional”.

Nesta quarta-feira, a petista encontrou-se com a Secretária-Geral do Partido Socialista francês, Martine Aubry, de quem recebeu o apoio e depois seguiu para uma reunião com o presidente da França, Nicolas Sarkozy. De acordo com o Le Monde, embora “o principal trunfo de Dilma seja a enorme popularidade de seu ‘mentor’, que encerra o seu segundo mandato com aprovação de 80% dos brasileiros, a candidata não se considera uma mera continuação do presidente Lula”. Ao jornal, Dilma disse que "o Brasil está vivendo um momento muito especial, onde podemos passar do status de país emergente para uma nação desenvolvida”, sustentando que isso requer que o próximo governo mantenha a taxa de crescimento da economia brasileira entre 5,5% e 6% ao ano.

A ex-ministra também destacou em sua entrevista ao Le Monde o avanço social registrado no país ao longo do governo Lula, que conseguiu reduzir significativamente a população em situação de pobreza. Segundo Dilma, "o Brasil deve continuar a expandir a sua classe média, de modo que ela seja a maioria da população". E para isso, a ex-ministra cita ao jornal o fato do Brasil dispor de um “bônus demográfico”, uma vez que a maioria de sua população (193 milhões) encontra-se em idade de trabalhar. O Le Monde destaca que “em oito anos, 14 milhões de empregos foram criados. O desafio agora é ter uma educação de qualidade”.

Le Monde traz avaliações de Dilma sobre principais temas
Neste sentido, Dilma destacou ao jornal francês que “a integração das regiões mais pobres do Nordeste e do Norte exige uma força de trabalho mais qualificada, de forma que deveria haver uma escola técnica em cada cidade com mais de 50.000 habitantes”. A reportagem do Le Monde destaca que “o atual governo dobrou o número de escolas técnicas existentes e criou 14 universidades federais”. A candidata do PT também avaliou que o crescimento econômico requer mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento por parte do governo federal, aprofundando as medidas tomadas pelo governo Lula.

“O Brasil não se tornou um grande produtor de alimentos só pela qualidade dos seus solos e clima, mas porque a nossa excelência em pesquisa agrícola permitiu escolher as culturas adequadas”, disse Dilma ao periódico francês. “De igual forma, os grandes depósitos de petróleo em águas profundas sob uma crosta de sal [pré-sal] foram descobertos graças à expertise da Petrobras, que é uma empresa pública”, avaliou a ex-ministra da Casa Civil do presidente Lula. O Le Monde lembrou também a iniciativa do governo Lula em criar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), para “superar o gargalo da infra-estrutura”. Segundo o jornal, “Dilma Rousseff foi apresentada pelo presidente Lula como ‘a mãe do PAC’, para melhor associá-la a sua gestão”.

Segurança pública também foi um dos temas da entrevista de Dilma ao Le Monde. A candidata destacou ações efetivas que foram tomadas pelo governo Lula com relação ao tema, que é, segundo o jornal francês, “uma questão de forte preocupação da opinião pública brasileira”. Neste sentido, Dilma destacou a atuação da Força Nacional de Segurança Pública, formada e treinada para uma resposta rápida contra o crime organizado. A petista também mencionou os presídios de segurança máxima, que foram capazes de isolar os líderes do crime organizado e os traficantes que ocuparam os territórios abandonados pelo Estado.


Dilma também falou ao Le Monde da bem sucedida experiência dos “Territórios da Cidadania”, citando o exemplo do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Segundo a ex-ministra “a Polícia reocupou a área e o governo instalou ali novos serviços sociais, como escolas, centros de saúde e esporte”. Perguntada sobre a política externa do governo Lula e sua proximidade com o presidente cubano Raul Castro e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, Dilma destacou que avalia de forma muito positiva a nova política externa do governo Lula e afirmou que "as ameaças, o isolamento ou sanções não levam a nada construtivo”.


A reportagem do Le Monde termina afirmando que “antes mesmo do início da campanha oficial, a candidata do PT já foi capaz de alcançar nas pesquisas de intenções de voto o seu principal adversário, o social-democrata José Serra, ex-governador de São Paulo. Mas, como em uma Copa do Mundo, não se pode tirar conclusões precipitadas”. De uma maneira geral, a matéria do Le Monde com Dilma foi muito positiva: mostrou de forma clara que a ex-ministra é a candidata da continuidade do governo Lula e permitiu também que Dilma apresentasse os principais pontos de suas propostas. Dessa maneira, a imprensa internacional segue fazendo que a grande imprensa brasileira deixa de fazer.

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