Cardápio do boteko

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Tucanos ensaiam palanque próprio no Rio e ampliam desconforto de aliados

Não bastasse a indecisão do candidato tucano à Presidência da República, José Serra, sobre o nome para compor como vice a sua chapa, a notícia de que o PSDB, ungido pelo próprio Serra, pode implodir o palanque estadual de Gabeira no Rio de Janeiro vem causando um furor enorme entre os aliados do tucano. Fernando Gabeira (PV) é o candidato da oposição no Rio, sendo apoiado pelo PSDB, DEM e PPS e terá sua candidatura oficializada em convenção do PV estadual no próximo sábado, 19. Contudo, tal coalizão tem criado certo descontentamento em Serra.

A razão para isso é óbvia: os tucanos sabem que o palanque de Gabeira não será integralmente de Serra, uma vez que o ex-governador de São Paulo terá que dividi-lo com a candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva. Assim, a alta cúpula do PSDB teria se debruçado nos últimos dias sobre o caso do Rio, culminando, inclusive, na visita do candidato tucano ao estado na última terça-feira, 15,quando Serra se encontrou com a vereadora licenciada pelo PSDB e presidente do Flamengo, Patrícia Amorim. Chegou-se a especular na ocasião que Serra estaria cotando a vereadora para ser sua vice.

Contudo, nesta quinta-feira, 17, o jornal Folha de São Paulo trouxe uma matéria na qual se revela que a direção do PSDB teria optado por lançar candidatura majoritária no Estado, de forma que Márcio Fortes (PSDB) deixe a vaga de vice na chapa de Gabeira e concorra ao Senado, pela legenda 45. Para articular a substituição de Fortes na chapa de Gabeira, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, está no Rio de Janeiro nesta quinta-feira para reunião com lideranças dos partidos aliados, o que inclui DEM e PV. A idéia inicial é que o nome de Fortes seja substituído por algum do PPS na vice de Gabeira.

PSDB cogita candidatura própria ao governo do Rio
A cúpula tucana não descarta, porém, que se fracassada essa tentativa de lançar Márcio Fortes ao Senado, o PSDB deve lançar candidatura própria ao governo do Rio de Janeiro. É preciso que se diga que qualquer um dos dois cenários não é bem visto pela base aliada de Serra. No primeiro caso, em que se deseja lançar Márcio Fortes como candidato ao Senado, o PSDB esbarra em um importante aliado no estado – o PPS, que deseja indicar Marcelo Cerqueira como candidato ao Senado, fazendo dobradinha com o ex-prefeito do Rio, César Maia (DEM). Segundo o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, o partido não está disposto a ceder a vaga para o PSDB.

Sem contar o fato de que o lançamento de Márcio Fortes como candidato ao Senado não é desejado nem pelo próprio César Maia, uma vez que ambos disputam uma mesma fatia do eleitorado. Ainda que este ano o eleitor possa votar em dois nomes para o Senado, o que se vê é que boa parte dos votos do ex-prefeito vêm do Rio (capital), que também tende a ser o nicho eleitoral do tucano. Uma possível candidatura de Fortes ao Senado poderia subtrair de César Maia uma parcela dos votos que o ex-prefeito tem na capital, restando a ele apenas os votos da região metropolitana, o que enfraqueceria César Maia e poderia fortalecer o seu principal adversário na disputa, o petista Lindberg Farias.

Por outro lado, caso naufrague a tentativa do PSDB de lançar Márcio Fortes ao Senado e os tucanos tentem viabilizar uma candidatura própria ao Palácio da Guanabara, Serra perde o palanque mais forte que teria no Rio, que é o de Gabeira. É importante que se diga que, mesmo tendo que dividir o palanque com Marina, um palanque dividido de Gabeira tem maior peso que um palanque único de Márcio Fortes. De qualquer forma, a base aliada de Serra, que já vinha ensaiando uma crise, agora reúne elementos mais que suficientes para uma insatisfação generalizada. DEM e PPS, que são aliados importantes do tucano, estão insatisfeitos com a situação. Talvez porque não conhecessem tão de perto o perfil centralizador do candidato tucano.

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