Em viagem à Europa desde a semana passada, onde se reúne com autoridades espanholas e portuguesas, o governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, aproveita para estreitar suas relações com os dois países e criar janelas de oportunidades para futuras cooperações com o Rio Grande. Abaixo, o Boteko reproduz uma entrevista dada pelo governador ao jornal espanhol El País na última quarta-feira, 17. Tarso fala de suas prioridades para o Rio Grande do Sul, do Mercosul e também do governo Dilma.
“Dilma terá independência absoluta do PT em suas decisões
A relação de Tarso Genro com a Espanha é antiga e próspera. Como assessor do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministro em duas pastas, Justiça e Educação, Tarso estreitou vínculos que agora, como governador recém-eleito do Rio Grande do Sul, está mais que disposto a manter. Por isso, antes de assumir o cargo, em 1º de janeiro, quis se reunir em Madrid com lideranças políticas, econômicas, acadêmicas e sociais para “abrir canais de negociação” para o investimento privado, o apoio à “democratização institucional” e a colaboração para colocar em marcha o Conselho do Desenvolvimento Econômico e Social. Tarso Genro, 63 anos, ex-prefeito de Porto Alegre, berço do Fórum Social Mundial, segue levantando a bandeira da cidadania participativa.
El País: Quais serão as suas prioridades como governador do Rio Grande do Sul?
Tarso: O combate à desigualdade regional, que é muito profunda entre o norte e o sul do Estado, e o combate às desigualdades sociais tanto no sul quanto no norte. Temos uma base produtiva rica e diversificada que oferece muitas possibilidades; estamos no centro do Mercosul e nossas relações com Espanha e Portugal terão efeitos muito positivos sobre nosso desenvolvimento.
El País: O sr menciona o Mercosul, mas o grande problema da América Latina é justamente a integração regional. Como se pode avançar?
Tarso: Para isso tem que se resolver um problema anterior: a efetividade dos direitos sociais. Não se pode falar de integração regional de forma abstrata ou somente como a integração de capitais. É preciso incluir as pessoas, os sindicatos, os movimentos sociais. É necessária uma integração com inclusão social.
El País: A Presidente eleita, Dilma Rousseff, tem insistido que dará continuidade ao legado de Lula. Mas os analistas se perguntam qual o grau de autonomia que ela terá em relação a Lula e ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Tarso: O governo de Dilma estará sedimentado em um trabalho sólido. Todo governo democrático sério tem influência dos partidos políticos. Lula teve muita influência do PT, até mesmo porque o partido é quase que uma “criação” sua. Essa será a mesma relação de Dilma, mas ela terá uma absoluta independência na tomada das decisões de Estado. Porém, considerar que a influência do Partido é algo pernicioso é uma visão reacionária da política.
El País: Lula é criticado por sua aproximação a regimes como Irã e Cuba. Essa política externa terá continuidade?
Tarso: A política externa vai continuar com as adaptações necessárias. Cuba está libertando seus presos [políticos]. O Brasil sempre quis isso, mas foi respeitoso com sua autononia [de Cuba]. Sem dúvida, o novo contexto da guerra cambial vai marcar a agenda externa, mas sempre se manterá uma política independente, marcada pela negociação e orientada pela soberania nacional”.
“Dilma terá independência absoluta do PT em suas decisões
A relação de Tarso Genro com a Espanha é antiga e próspera. Como assessor do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministro em duas pastas, Justiça e Educação, Tarso estreitou vínculos que agora, como governador recém-eleito do Rio Grande do Sul, está mais que disposto a manter. Por isso, antes de assumir o cargo, em 1º de janeiro, quis se reunir em Madrid com lideranças políticas, econômicas, acadêmicas e sociais para “abrir canais de negociação” para o investimento privado, o apoio à “democratização institucional” e a colaboração para colocar em marcha o Conselho do Desenvolvimento Econômico e Social. Tarso Genro, 63 anos, ex-prefeito de Porto Alegre, berço do Fórum Social Mundial, segue levantando a bandeira da cidadania participativa.
El País: Quais serão as suas prioridades como governador do Rio Grande do Sul?
Tarso: O combate à desigualdade regional, que é muito profunda entre o norte e o sul do Estado, e o combate às desigualdades sociais tanto no sul quanto no norte. Temos uma base produtiva rica e diversificada que oferece muitas possibilidades; estamos no centro do Mercosul e nossas relações com Espanha e Portugal terão efeitos muito positivos sobre nosso desenvolvimento.
El País: O sr menciona o Mercosul, mas o grande problema da América Latina é justamente a integração regional. Como se pode avançar?
Tarso: Para isso tem que se resolver um problema anterior: a efetividade dos direitos sociais. Não se pode falar de integração regional de forma abstrata ou somente como a integração de capitais. É preciso incluir as pessoas, os sindicatos, os movimentos sociais. É necessária uma integração com inclusão social.
El País: A Presidente eleita, Dilma Rousseff, tem insistido que dará continuidade ao legado de Lula. Mas os analistas se perguntam qual o grau de autonomia que ela terá em relação a Lula e ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Tarso: O governo de Dilma estará sedimentado em um trabalho sólido. Todo governo democrático sério tem influência dos partidos políticos. Lula teve muita influência do PT, até mesmo porque o partido é quase que uma “criação” sua. Essa será a mesma relação de Dilma, mas ela terá uma absoluta independência na tomada das decisões de Estado. Porém, considerar que a influência do Partido é algo pernicioso é uma visão reacionária da política.
El País: Lula é criticado por sua aproximação a regimes como Irã e Cuba. Essa política externa terá continuidade?
Tarso: A política externa vai continuar com as adaptações necessárias. Cuba está libertando seus presos [políticos]. O Brasil sempre quis isso, mas foi respeitoso com sua autononia [de Cuba]. Sem dúvida, o novo contexto da guerra cambial vai marcar a agenda externa, mas sempre se manterá uma política independente, marcada pela negociação e orientada pela soberania nacional”.
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