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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Transnordestina: o Nordeste nos trilhos de um longo ciclo de desenvolvimento econômico

A inauguração do primeiro trecho da ferrovia Transnordestina nesta terça-feira, 14, é sem dúvida uma página importante do projeto de desenvolvimento não só da região Nordeste, mas de todo Brasil. A idéia inicial de se construir uma ferrovia que fosse capaz de interiorizar o desenvolvimento na região Nordeste é bem antiga: há relatos que mostram que já na época do Império havia a intenção de se construir um sistema de trilhos que ligassem diversos estados da região. Poderíamos dizer que este projeto, que não chegou a sair do papel, constituiu a idéia embrionária dessa importante ferrovia.

Em meados do século 20, por ocasião da criação da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), o governo federal autorizou a construção do primeiro trecho dentro do estado de Pernambuco, ligando os municípios de Serra Talhada e Salgueiro. Contudo, o projeto não chegou a ser executado. Posteriormente, no governo Sarney, o Ministério dos Transportes retomou a idéia de construir a ferrovia, apresentando um novo projeto que incluía outros municípios no traçado das linhas. O alto custo deste projeto, algo em torno de US$ 1 bilhão na época, acabou inviabilizando sua execução e, novamente, as obras não foram tocadas.

Em 1997, no governo FHC, a Transnordestina entra na lista de ativos públicos federais que deveriam ser privatizados e, desde então, sua concessão passou para a Transnordestina Logística (TL), empresa pertencente ao grupo CSN. O projeto de construção da ferrovia Transnordestina só foi sair de fato do papel dez anos depois, quando o governo Lula criou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e, em parceria com a TL, iniciou as obras da ferrovia, que ligará o Porto de Suape, em Pernambuco, ao Porto de Pecém, no Ceará, através da construção de nada menos que 1.728 Km de trilhos, além da remodelação de outros 550 Km já existentes.

Ferrovia reduzirá custo logístico e favorecerá Nordeste
A “Nova” Transnordestina cortará quatro estados do Nordeste brasileiro (Alagoas, Pernambuco, Ceará e Piauí), servindo como um importante meio para escoar minérios, grãos produzidos na região e também o biodiesel, cuja produção foi estimulada com o programa nacional de biocombustíveis lançado ainda do primeiro mandato do Presidente Lula. É interessante destacar que o principal modal utilizado no Nordeste para transporte de cargas são as rodovias. Com a Transnordestina, a região terá uma alternativa mais barata para o transporte de cargas, reduzindo, dessa maneira, o chamado custo logístico.

Essa redução do custo logístico dos produtores locais é muito importante, uma vez que significa mais recursos para que estes produtores – sejam de minérios, grãos ou biodiesel – possam investir na expansão de sua produção, dinamizando de forma bastante expressiva a economia regional. Além do que, deve-se destacar que a redução do custo logístico propiciada pela Transnordestina ampliará também a competitividade desses produtores frente a outros mercados, incentivando ainda mais a expansão da produção. Projeta-se, assim, o início de um ciclo virtuoso duradouro para a região Nordeste e, naturalmente, para sua população, que terá mais acesso a empregos e renda.

Para se ter uma idéia, somente durante a construção da ferrovia estão sendo gerados 70 mil empregos. Estima-se que, concluídas as obras, sejam gerados nada menos que 550 mil novos empregos diretos e indiretos. Isso representa um salto gigantesco na economia de toda a região Nordeste, já que a ferrovia, ao oferecer um meio de escoamento de carga mais barato, servirá como incentivo para a expansão da planta industrial da região, além da própria agricultura e mineração. De acordo com as projeções, a Transnordestina terá capacidade para transportar expressivos 30 milhões de toneladas de carga por ano.

Mais de R$ 5 bilhões em investimentos
Para 2020, projeta-se que estejam operando a “pleno vapor” 110 locomotivas em toda ferrovia, totalizando, assim, 2.700 vagões. O custo total desse projeto é de R$ 5,4 bilhões, de acordo com os números apresentados pelo governo federal, sendo que R$ 2,2 bilhões foram investidos entre 2007 e este ano e o restante – R$ 3,2 bilhões – serão aplicados entre 2011 e 2012, quando a ferrovia deverá estar concluída. É importante salientar que, além dos investimentos na construção da ferrovia, o governo federal está investindo pesado para a ampliação e modernização dos portos de Suape (PE) e Pecém (CE).

Essa ampliação dos portos é mais que necessária, haja vista que, a partir do momento que a ferrovia estiver totalmente em operação, estima-se um crescimento substancial do movimento de carga nesses portos. De acordo com informações da TL, serão construídos dois terminais graneleiros nos portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco, com capacidade de estocagem de 900 mil toneladas de grãos e farelos. Os terminais poderão receber navios graneleiros de grande capacidade do tipo capesize com até 150 mil toneladas por porte bruto (tpb), que podem transportar até 105 mil toneladas de soja, por exemplo.

Percebe-se, dessa maneira, que a Transnordestina será um fator fundamental para colocar o Nordeste nos trilhos do desenvolvimento econômico contínuo e acelerado, uma vez que contribuirá para a dinamização de diversos setores da economia local. Com um traçado que corta o semi-árido, a ferrovia contribuirá para melhorar as condições de vida dessa população, que em épocas passadas não possuíam perspectivas de melhorar suas condições de vida. Aumento da produção, do emprego e da renda em toda a região Nordeste deve ser a principal contribuição da ferrovia Transnordestina nas próximas décadas.

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