sábado, 20 de março de 2010

Iraque: o país 7 anos depois da invasão norte-americana - Parte 3



Após a prisão de Saddam Hussein, houve uma relativa calmaria no Iraque, mas que durou apenas os primeiros meses de 2004. Em meados de abril daquele ano, a Al-Qaeda enviou alguns de seus membros para o Iraque, a fim de que estes se articulassem com setores da população local insatisfeitos com a dominação norte-americana e reiniciassem novas guerrilhas. O palco não era mais Bagdá e sim Falujá, cidade nas proximidades do rio Eufrates.

Dessa forma, o restante daquele ano foi marcado por guerrilhas locais e também pela denúncia de abusos pelas tropas aliadas contra prisioneiros iraquianos, que repercutiram em todo o mundo. No final de 2004, foram convocadas as primeiras eleições legislativas no Iraque pós-Saddam, sendo estas realizadas no dia 31 de janeiro de 2005. Foi eleito, assim, o primeiro governo de transição do Iraque, com a principal responsabilidade de elaborar uma Constituição permanente, assim como de pacificar o país.

O governo eleito, todavia, não conseguiu atingir seu objetivo de pacificar o Iraque: pelo contrário, 2005 foi um dos anos mais sangrentos na região, com inúmeros ataques suicidas nas principais cidades. Em outubro daquele ano foi feito um referendo constitucional e a Assembléia Constituinte foi eleita em dezembro.

Governo Permanente e guerra civil
As atividades da Assembléia Constituinte se deram em meio a um cenário de intensas insurreições e conflitos, especialmente marcados pela violência sectária e pelos ataques às tropas aliadas. Em 20 de maio de 2006, a Assembléia Constituinte deu posse ao novo Governo Permanente, que substituiu o governo de transição eleito no ano anterior. Os conflitos na região, contudo, continuaram intensos nos meses subseqüentes.

Diante da guerra civil no país e do temor de uma intensificação dos conflitos após o enforcamento de Saddam Hussein, em dezembro de 2006, a Casa Branca ordenou, em janeiro de 2007, o envio de um reforço para as tropas aliadas presentes no Iraque. Assim, um contingente de mais 20 mil soldados e fuzileiros norte-americanos foram despejados no Iraque no final de janeiro.

O prolongamento da presença norte-americana no Iraque começou a gerar protestos em toda parte do mundo, inclusive nos Estados Unidos e no próprio Iraque. O parlamento iraquiano, neste sentido, começou a questionar a permanência das tropas aliadas no país e a própria população norte-americana já almejava o fim da ocupação. Em 2008, durante as eleições presidenciais nos EUA, Barack Obama, então candidato do Partido Democrata, defende a saída das tropas do Iraque.

O Iraque sete anos depois
A vitória de Obama, vista inicialmente como a possibilidade de uma retirada das tropas norte-americanas do Iraque, não garantiu o cumprimento dessa expectativa. A questão foi secundarizada por Obama em todo seu primeiro ano de governo (2009), visto que as questões internas dos Estados Unidos, abalados pela crise financeira internacional, exigiram um foco quase que exclusivo da Casa Branca à questão. Segundo cronograma do governo norte-americano, as tropas norte-americanas encerrarão definitivamente as operações até o dia 31 de agosto de 2010, completando sua retirada até o fim de 2011.

No último dia 7 de março, 62% dos iraquianos foram às urnas para elegerem o novo governo, que tem como grande desafio superar os conflitos sectários que marcam o país desde o Governo Provisório estabelecido logo após a queda de Saddam Hussein. Os resultados oficiais ainda não foram divulgados, mas o atual premiê, do grupo xiita, Nuri Al-Maliki, apresenta ligeira vantagem sobre seu adversário, sunita, Iyad Allawi.

A expectativa da comunidade internacional é de que, independentemente de quem vença, haja uma tendência ao diálogo entre xiitas e sunitas, buscando o fim dos conflitos que marcam a história iraquiana nesses últimos anos e que tanto têm prejudicado a população local.

Nenhum comentário:

Postar um comentário