domingo, 11 de julho de 2010

Fogo amigo: colunista da Folha diz que Serra não confia nos seus aliados

Às vezes até a Folha de São Paulo consegue nos surpreender. Embora se esconda sob o manto da imparcialidade jornalística, pode-se dizer que esta neutralidade é um tanto quanto questionável quando se trata das matérias que saem da redação dos Frias. Quase sempre a cobertura eleitoral feita pela Folha é tendenciosa, com reportagens que buscam denegrir a candidatura governista de Dilma Rousseff e apontar supostas “vantagens” do seu principal oponente, o tucano José Serra.

Mas neste domingo, 11, a Folha Online trouxe uma matéria bem interessante feita pelo colunista Marcelo Coelho, que faz parte do Conselho Editorial da Folha e escreve semanalmente no caderno Ilustrada. Coelho destaca, em uma matéria em forma de podcast, o centralismo e individualismo de Serra, afirmando que, ao que tudo indica, o tucano “não acredita na fidelidade dos seus aliados”. Segundo o colunista “ninguém é bom o bastante para que Serra o aceite e ninguém é tão ruim que não possa rivalizar com ele”, se referindo ao imbróglio que se tornou a escolha do vice do tucano.

Em um tom bastante crítico, Coelho também colocou em xeque a capacidade de Serra, caso se eleja, formar o seu ministério, já que a escolha do seu vice (que aparentemente é um processo muito mais simples) foi bastante “espinhosa”. Abaixo, este blog transcreve o podcast de Marcelo Coelho, torcendo para que o colunista não tenha o mesmo destino de seu colega Heródoto Barbeiro. Em tempo, Heródoto foi demitido da TV Cultura (do governo do estado de São Paulo) poucos dias depois de ter perguntado para Serra, em uma entrevista no Roda Viva, sobre os pedágios caros de São Paulo. Aguardemos!

Serra e o individualismo ao extremo
“A candidatura Serra hesita: gostaria de ter uma identidade oposicionista, mas também não quer bater de frente com a popularidade de Lula. A situação partidária força uma aliança à direita, mas Serra não se sente confortável nesse papel. O vice do tucano, assim, teria que ser precisamente alguém que não significasse nada, que não inclinasse a balança para nenhum lado. A questão não é só política, mas também pessoal: fulano não suporta Serra, beltrano Serra não engole. Ninguém é bom o bastante para que Serra o aceite e ninguém é tão ruim que não possa rivalizar com ele.

Fico lembrando a velha história do casamento da Dona Baratinha, ‘com fita no cabelo e dinheiro na caixinha’, recusando um a um os pretendentes ao noivado. A mensagem psicanalítica do conto infantil não é outra senão a da fobia ao sexo. Haveria em Serra, incrivelmente, algo como uma fobia à política, ou pelo menos à negociação política, à convivência política. Não o recrimino: talvez seja apenas um individualismo levado ao extremo. Tanto que ele se dispõe a acumular o cargo presidencial com o de Superintendente da Sudene e não sei com qual outro ministério.

Imagino que gostaria de ser também Secretário do Planejamento e o Presidente do Banco Central. Se a escolha do vice foi tão espinhosa, como haveria de ser a montagem do seu ministério? Entendo melhor assim o estranhíssimo e desastrado conselho de Serra feito a Índio da Costa, recomendando-lhe que tivesse amantes, desde que fosse discreto. Traduzindo em termos políticos: Serra não acredita na fidelidade de seus aliados, mas espera que não apareçam, que sejam discretos, que fiquem à sombra, que não existam. Índio da Costa quase não existe.

Olho as suas fotos: é um belo rapagão moreno, não muito diferente de Aécio Neves, com a vantagem de não ser Aécio Neves. O enigma se dissolve. É como se ele fosse um similar, um genérico de Aécio. Trata-se do remédio sem marca para os males de Serra”.

Um comentário:

  1. Oi Lê....

    Esse artigo já tinha sido publicado só para assinantes no inicio da semana, parece que encolheram e publicaram no domingo.Dá uma olhada:

    http://esquerdopata.blogspot.com/search?updated-max=2010-07-09T10%3A02%3A00-03%3A00&max-results=20

    beijo

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