Com um discurso destacando a continuidade dos avanços obtidos no governo Lula e também enumerando os novos desafios do Brasil, a petista Dilma Rousseff teve sua candidatura oficializada neste domingo, 13, durante a Convenção Nacional do PT, ocorrida em Brasília. O evento contou com a presença do presidente Lula e parlamentares, líderes e governadores do PT e da base aliada. Também compareceu à convenção petista o deputado federal Michel Temer (PMDB), que será vice na chapa de Dilma. Abaixo a íntegra do discurso da candidata durante o evento:
"Queridas companheiras e queridos companheiros, Minha emoção é muito grande. Minha alegria também. Por esta festa tão cheia de energia, de confiança e esperança. Sei que esta festa não é para homenagear uma candidata. Aqui se celebra, em primeiro lugar, a mulher brasileira! Aqui se consagra e se afirma a capacidade de ser - e de fazer - da mulher. É em nome de todas as mulheres do Brasil - em especial de minha mãe e de minha filha - que recebo esta homenagem. É também em nome delas que abraço esta missão conferida por meu querido partido, o PT, e pelos importantes partidos da nossa coligação.
A energia que move esta grande festa brasileira é a força do trabalho ¿ e do sonho - de um povo que nunca se dobrou, sempre lutou e jamais perdeu a esperança. E que levou à Presidência um trabalhador, que provou que um novo Brasil é possível. Um Brasil justo, forte, democrático e independente. Cheio de oportunidades para todas as brasileiras e todos os brasileiros. Não é por acaso que depois deste grande homem, o nosso Brasil possa ser governado por uma mulher. Por uma mulher que vai continuar o Brasil de Lula - mas que fará um Brasil de Lula com alma e coração de mulher.Lula mudou o Brasil e o Brasil quer seguir mudando. A continuidade que o Brasil deseja é a continuidade da mudança.
É seguir mudando, para melhor, o emprego, a saúde, a segurança, a educação. É seguir mudando com mais crescimento e inclusão social para que outros milhões de brasileiros saiam da pobreza e entrem na classe média. É seguir mudando para diminuir ainda mais a desigualdade entre pessoas, regiões, gêneros e etnias. Queridas companheiras e queridos companheiros, A distância entre o sonhar e o fazer pode ser bem mais curta do que se imagina, desde que a gente tenha coragem, competência e determinação. Foi o que ocorreu neste governo, quando alcançamos conquistas que tantos julgavam impossíveis. Vimos se confirmar o que o presidente Lula dissera no início do primeiro governo.
"Vamos começar fazendo apenas o necessário. Depois, vamos fazer o possível e, quando menos se esperar, nós estaremos realizando o impossível". Quando me perguntam como isso aconteceu, respondo: foi porque trabalhamos com a cabeça e com o coração. Foi porque trabalhamos primeiro, para as pessoas. E ao trabalharmos primeiro para as pessoas, produzimos resultados surpreendentes. Quando perguntam como isto aconteceu, eu também respondo: foi porque soubemos abrir novos caminhos, quebrando antigos tabus. O tabu mais importante que derrubamos foi o de que era impossível governar para todos os brasileiros.
Historicamente, quase todos governantes brasileiros governaram para um terço da população. Para muitos deles, o resto era peso, estorvo e carga. Falavam que tinham que arrumar a casa primeiro. Falavam e nunca arrumavam. Porque é impossível arrumar uma casa deixando dois terços dos filhos ao relento, à margem do progresso e da civilização. Resultado: o Brasil era uma casa dividida, marcada pela injustiça e pelo ressentimento, que desperdiçava suas melhores energias. Nós, do governo do presidente Lula, fizemos o contrário. Chegamos à conclusão de que só fazia sentido governar se fosse para todos. E provamos que aquilo que era considerado estorvo era, na verdade, força e impulso para crescer.
Quebramos o tabu e provamos que incluir os mais fracos e os mais necessitados ao processo de desenvolvimento do país é um caminho socialmente correto, politicamente indispensável e economicamente estimulador. Companheiras e companheiros, Nós queremos e podemos fazer mais e melhor. Para realizar esta grande tarefa não basta apenas querer. Ou dizer que vai fazer. É preciso conhecer bem o Brasil, o governo e ter projetos que ampliem e acelerem o que está sendo feito. É preciso, ainda, estar do lado certo e com a postura correta. Dar prioridade e apoio aos que mais precisam, porém governando para todos os brasileiros e brasileiras. É preciso acreditar no Brasil. Acreditar que podemos erradicar a miséria e nos tornar um país com uma das maiores e mais vigorosas classes médias do mundo.
Podemos alcançar isso porque somos um povo criativo e empreendedor; temos uma democracia sólida; um vibrante mercado interno; a maior reserva florestal e a mais limpa matriz energética do planeta; um parque industrial diversificado; uma agricultura forte; e desfrutamos de estabilidade econômica, agora com grandes reservas internacionais superiores a nossos compromissos externos. Mas para ampliar o que conquistamos, precisamos reforçar o planejamento e a integração entre Estado e setor produtivo; governo e sociedade; União, estados e municípios. Este trabalho conjunto terá como prioridades: Educação de qualidade, dando seqüência à transformação educacional em curso ¿ da creche a pós-graduação.
Isso significa: Dar especial atenção à formação continuada de professores para o ensino fundamental e médio; Fazer com que os professores tenham, pelo menos, o curso universitário e uma remuneração condizente com a sua importância; Avaliar o aluno e as nossas escolas para garantir a qualidade do ensino fundamental e médio; Espalhar a educação profissionalizante por todo o país, interiorizando o ensino técnico; Garantir a qualificação do ensino universitário, com ênfase na pós-graduação; Equipar as escolas com banda larga gratuita e assegurar bolsas de estudo e apoio aos alunos; Enfim, formar jovens preparados para nos conduzir à sociedade da tecnologia e do conhecimento.
Se eleita presidente, vou liderar, sem descanso, este processo. Para o Brasil seguir mudando, para melhor, é fundamental promover um salto de qualidade na assistência universal promovida pelo SUS. Nossas prioridades na saúde estarão baseadas em três pilares: financiamento adequado e estável para o Sistema; valorização das práticas preventivas; e organização dos vários níveis de atendimento, garantindo atendimento básico, ambulatorial e hospitalar de alta resolutividade em todos os estados brasileiros. Também daremos prioridade ao desenvolvimento de fármacos, mobilizando para isso institutos de pesquisa, universidades e empresas do setor. Para o Brasil seguir mudando para melhor, precisamos investir, ainda mais, em pesquisa, inovação e política industrial.
O governo Lula foi o que mais investiu em pesquisa e inovação na história recente. Nossa meta é ampliar este esforço, focando os setores portadores de futuro - biotecnologia, nanotecnologia, agroenergia e fármacos, entre outros - e fortalecendo o tripé empresas privadas, institutos tecnológicos e redes universitárias de pesquisas. Isso vai favorecer nosso parque industrial, nossa competitividade agrícola e nossas exportações. Tudo que pode ser produzido de forma competitiva no Brasil,vai ser produzido no Brasil, gerando mais emprego e renda. Para o Brasil seguir mudando, é preciso continuar investindo em inclusão digital. A economia e a cultura contemporâneas exigem que toda a sociedade tenha acesso aos bens digitais. Isso é fundamental para a construção de uma sociedade baseada no conhecimento.Como Lula, quero continuar sendo a presidente da inclusão social, mas quero ser, também, a presidente da inclusão digital.
Para o Brasil seguir mudando, e a vida de seu povo ficar cada vez melhor, é preciso investir em segurança pública. Isso exige uma ação planejada e concentrada de segurança nas áreas urbanas, a exemplo do que vem acontecendo com o Pronasci, e maior capacitação federal nas áreas de fronteira e de inteligência. É preciso lutar contra o crime organizado. Contra o roubo de cargas. Contra o tráfico de armas e de drogas. Contra a praga destruidora do crack. O crack avança sobre a população de forma devastadora. É um crime contra a juventude, contra a família, contra a sociedade e contra a nação. Mas vamos vencer essa guerra. E vamos vencer, como venho dizendo, com apoio, carinho e autoridade. Para o Brasil seguir mudando, é preciso priorizar o planejamento urbano, revigorando a meta de prover acesso universal aos serviços básicos e aumentar a paz social.
Melhorar o ambiente das cidades é uma ação urgente e necessária, já iniciada com o PAC. É hora de avançar ainda mais, ampliando o acesso ao esporte, ao lazer e a cultura; ao saneamento básico; a serviços de saúde de qualidade e a um transporte eficiente. Para o Brasil seguir mudando, é preciso continuar investindo, maciçamente, em infraestrutura. Vamos seguir estimulando, por meio do PAC, a parceria entre os setores públicos e privados e, assim, garantir investimentos que ampliem a competitividade de nossa economia. Vamos construir e melhorar os portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e hidrovias. Ampliar e garantir maior eficiência ao nosso sistema elétrico e aos nossos meios de transporte, incluindo o trem de alta velocidade e o transporte de carga.
Quero ser a presidente da consolidação da infraestrutura brasileira, completando o grande trabalho do presidente Lula. Para o Brasil seguir mudando, precisamos vencer o déficit habitacional já na década que se inicia. Com o Minha Casa, Minha Vida abrimos um vigoroso caminho nesta direção. Garantimos subsídios que evitam o peso de financiamentos insuportáveis para os mais pobres. Mobilizamos o setor privado e simplificamos a burocracia do sistema. Concebi e coordenei, a pedido do presidente Lula, este programa - portanto sei como avançar mais. E já temos pronto o projeto para mais 2 milhões de moradias. Para o Brasil seguir mudando, temos que priorizar a economia de baixo carbono, consolidando o modelo de energia renovável que conquistamos. É preciso incentivar projetos de reflorestamento em áreas degradadas e cumprir as metas que levamos à COP 15, em especial a de redução do desmatamento.
Ao mesmo tempo, incentivaremos a pesquisa e inovação de materiais e produtos de baixo carbono e de baixo consumo de energia. Para o Brasil seguir mudando, temos que continuar modernizando a política de desenvolvimento regional, reconhecendo as particularidades de cada região. Quero ser, depois de Lula, a presidente da moderna integração regional do país, porque vejo em nossas regiões imensos celeiros de oportunidades. Para o Brasil seguir mudando é preciso assegurar a estabilidade e continuar as reformas que melhoram o ambiente econômico, em particular a reforma tributária. A nossa estrutura tributária é caótica, apesar de áreas de excelência na administração - e se não tivermos coragem de reconhecer isso, jamais faremos esta reforma tão urgente e necessária. Entre outras coisas, investir na informatização de todo sistema de tributos para alargar a base da arrecadação e diminuir a alíquota dos impostos.
Outra grande meta é completar a desoneração do investimento, por seu forte efeito sobre as taxas de crescimento. Para o Brasil seguir mudando, precisamos valorizar cada vez mais a nossa cultura. Vamos ampliar a produção e o consumo de bens culturais com base em nossa diversidade e dar meios e oportunidades à criatividade popular. Assim, alargaremos caminhos para que aflore a diversidade cultural brasileira, cuja riqueza e significado podem ser comparados ao da nossa biodiversidade. A cultura é o espaço por excelência da alma e da identidade de um povo. É essencial para a construção de um sentido de nação. Para o Brasil seguir mudando, precisamos aproveitar em benefício de todo o país as extraordinárias riquezas do pré-sal, descobertas pela nossa querida Petrobrás.
Não podemos nos transformar num exportador de óleo cru. Ao contrário, devemos agregar valor ao petróleo aqui dentro, construindo refinarias e exportando derivados de maior valor. O pré sal, como já disse o presidente Lula, é o nosso passaporte para o futuro. Seus recursos não devem ser gastos apenas para a geração presente. Devem formar uma robusta poupança para servir, a todas brasileiras e brasileiros, com investimentos em educação, cultura, meio ambiente, ciência e tecnologia e combate à pobreza. Para o Brasil seguir mudando, precisamos aprofundar a democracia, aperfeiçoando e valorizando nossas instituições. Unir o melhor das nossas energias para fazer a reforma política.
Quero dizer com todas as letras aos partidos políticos e ao país: não dá mais para adiar esta reforma. Ela é uma necessidade vital para corrigir equívocos, vícios e distorções. Para dar eficácia ao voto do eleitor e credibilidade à representação parlamentar. Para dar transparência às instituições e garantir mecanismos reais de controle ao cidadão. Para fortalecer os partidos, estimular o debate público e a participação popular. A consolidação do estado democrático de direito passa, igualmente, pela garantia e manutenção de ampla liberdade de imprensa e da livre circulação e difusão de ideias. Exige, cada vez mais, a ampliação do direito à informação da população, com a multiplicação dos meios de comunicação. E que sejamos capazes de dar respostas abrangentes e inclusivas aos imensos desafios e às fantásticas possibilidades abertas pelo mundo digital, pela internet e pelo processo de convergência de mídias.
Para o Brasil seguir mudando, devemos ampliar nossa presença internacional, oferecendo ao mundo contribuições valiosas nas áreas econômica, de mudanças climáticas e da paz mundial. Seguiremos defendendo, de forma intransigente, a paz mundial, a convivência harmônica dos povos, a redução de armamentos e a valorização dos espaços multilaterais. Em especial, precisamos seguir estreitando as relações com os nossos vizinhos e promovendo a integração da América do Sul e da América Latina, sem hegemonismos, sem querer abafar ninguém, mas com ênfase na solidariedade e no desenvolvimento de todos. Além disso, precisamos manter nosso olhar especial para a África, continente que tanto contribuiu para a nossa formação.
Companheiras e companheiros, Para o Brasil seguir mudando é preciso, acima de tudo, manter e aprofundar o olhar social do governo do nosso grande presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É mais que simbólico que, nesse momento, o PT e os partidos aliados estejam dizendo: chegou a hora de uma mulher comandar o país. Estejam dizendo: para ampliar e aprofundar o olhar de Lula, ninguém melhor que uma mulher na presidência da República. Creio que eles têm toda razão. Nós, mulheres, nascemos com o sentimento de cuidar, amparar e proteger. Somos imbatíveis na defesa de nossos filhos e de nossa família.
Milhões e milhões de heroínas que homenageio nas figuras maravilhosas de Ilza de Nazaré, dona Raimunda dos Cocos, Giovana Abramovicz, Maria da Penha, Ivanete Pereira, Hildelene Lobato Bahia, Janaina Oliveira, Rose Marie Muraro e Maria da Conceição Tavares, que não pode comparecer, nossas convidadas especiais, exemplos vivos de luta e sensibilidade social. E quando falamos de cuidado e amparo, estamos falando de saúde, educação, segurança e emprego. De cuidar melhor dos mais velhos e dos mais jovens. Estamos falando de construir, no mínimo, mais 500 unidades de pronto atendimento - as UPAs 24 horas. E mais 8.600 novas unidades básicas de saúde - as UBSs, em todo o país.
Estamos falando de construir seis mil creches e pré-escolas. De expandir e consolidar a rede de escolas técnicas, de centros de excelência do ensino médio e de nível superior, de centros de inovação científica e tecnológica. E de ampliar o ProUni. Estamos falando de fortalecer todos os programas sociais, com carinho especial para o Bolsa Família. Estamos falando de ampliar o emprego e melhorar o salário. De continuar o grande trabalho que o presidente Lula está fazendo. Estou convencida, minhas companheiras e meus companheiros, que os próximos anos serão decisivos. Se seguirmos mudando, se seguirmos incluindo, se seguirmos crescendo ¿ e temos tudo para atingir esses objetivos -, o Brasil vai mudar definitivamente de patamar. Vamos erradicar a miséria nos próximos anos. Vamos transitar de país emergente para país desenvolvido no qual a população desfruta de serviços públicos adequados, educação de qualidade e bons empregos.
Creio que, se trabalharmos direito e fizermos as opções acertadas, podemos construir e legar para nossos filhos e netos o melhor lugar do mundo para se viver. Companheiras e companheiros, Durante o governo do presidente Lula, começamos a construir um novo Brasil. Esta é a obra que quero continuar. Com a clara consciência de que continuar não é repetir. É avançar. Esta é a missão que o PT e os partidos aliados colocam em minhas mãos. É este compromisso de fazer o Brasil seguir mudando que assumo, no fundo de minha alma e do meu coração. Este é o compromisso que vamos cumprir, com coragem e determinação, eu e meu companheiro de chapa, Michel Temer, futuro vice-presidente da república. Temer: vamos fazer uma bela caminhada juntos, com nossos partidos e todos os partidos da coalizão - a coalizão dos que sabem que, da mesma forma que foi preciso somar forças para conquistar a democracia no passado, é preciso somar forças hoje para alargar ainda mais o caminho aberto pelo presidente Lula. Estamos juntos para seguir mudando. Não há e não haverá retornos.
Nesta campanha nós vamos debater em alto nível, vamos confrontar projetos e programas. Vamos esclarecer ao povo que somos diferentes dos outros candidatos. Mas depois de eleitos, governaremos para todos, como fez Lula, o presidente que mais uniu os brasileiros. Sei como buscar a união de forças e não a divisão estéril. Sei como estimular o debate político sério e não o envenenamento que não serve a ninguém. Para concluir, quero lembrar uma cena que vivi há poucos dias e me comoveu fortemente. Eu estava num aeroporto, quando um jovem casal, com uma filhinha linda, se aproximou. E a mãe falou assim: "eu trouxe minha filha aqui pra que você diga a ela que mulher pode". Eu perguntei para a guria: "mulher pode o quê?". E ela: "ser presidente". Eu disse: "pode sim, não tenha dúvida que pode". Sabem como é o nome desta menininha? Vitória!
Pois é para ela, e para as milhões e milhões de pequenas Vitórias e Marias, meninas deste Brasil que não sabem ainda que uma mulher pode ser presidente, é para elas que eu quero dedicar a minha luta. E a nossa vitória. Para que, assim como depois de Lula, um operário brasileiro sabe que ele, seu filho, seu neto, podem ser presidente do Brasil, estas pequenas Vitórias e Marias também possam responder, quando perguntadas o que vão ser quando crescer; que elas possam responder, como fazem os meninos : "Eu quero ser presidente do Brasil!" E que o Brasil seja cada vez mais feliz por causa desta resposta. Muito Obrigada. Viva o povo brasileiro! E rumo à vitória para o Brasil seguir mudando!"
"Queridas companheiras e queridos companheiros, Minha emoção é muito grande. Minha alegria também. Por esta festa tão cheia de energia, de confiança e esperança. Sei que esta festa não é para homenagear uma candidata. Aqui se celebra, em primeiro lugar, a mulher brasileira! Aqui se consagra e se afirma a capacidade de ser - e de fazer - da mulher. É em nome de todas as mulheres do Brasil - em especial de minha mãe e de minha filha - que recebo esta homenagem. É também em nome delas que abraço esta missão conferida por meu querido partido, o PT, e pelos importantes partidos da nossa coligação.
A energia que move esta grande festa brasileira é a força do trabalho ¿ e do sonho - de um povo que nunca se dobrou, sempre lutou e jamais perdeu a esperança. E que levou à Presidência um trabalhador, que provou que um novo Brasil é possível. Um Brasil justo, forte, democrático e independente. Cheio de oportunidades para todas as brasileiras e todos os brasileiros. Não é por acaso que depois deste grande homem, o nosso Brasil possa ser governado por uma mulher. Por uma mulher que vai continuar o Brasil de Lula - mas que fará um Brasil de Lula com alma e coração de mulher.Lula mudou o Brasil e o Brasil quer seguir mudando. A continuidade que o Brasil deseja é a continuidade da mudança.
É seguir mudando, para melhor, o emprego, a saúde, a segurança, a educação. É seguir mudando com mais crescimento e inclusão social para que outros milhões de brasileiros saiam da pobreza e entrem na classe média. É seguir mudando para diminuir ainda mais a desigualdade entre pessoas, regiões, gêneros e etnias. Queridas companheiras e queridos companheiros, A distância entre o sonhar e o fazer pode ser bem mais curta do que se imagina, desde que a gente tenha coragem, competência e determinação. Foi o que ocorreu neste governo, quando alcançamos conquistas que tantos julgavam impossíveis. Vimos se confirmar o que o presidente Lula dissera no início do primeiro governo.
"Vamos começar fazendo apenas o necessário. Depois, vamos fazer o possível e, quando menos se esperar, nós estaremos realizando o impossível". Quando me perguntam como isso aconteceu, respondo: foi porque trabalhamos com a cabeça e com o coração. Foi porque trabalhamos primeiro, para as pessoas. E ao trabalharmos primeiro para as pessoas, produzimos resultados surpreendentes. Quando perguntam como isto aconteceu, eu também respondo: foi porque soubemos abrir novos caminhos, quebrando antigos tabus. O tabu mais importante que derrubamos foi o de que era impossível governar para todos os brasileiros.
Historicamente, quase todos governantes brasileiros governaram para um terço da população. Para muitos deles, o resto era peso, estorvo e carga. Falavam que tinham que arrumar a casa primeiro. Falavam e nunca arrumavam. Porque é impossível arrumar uma casa deixando dois terços dos filhos ao relento, à margem do progresso e da civilização. Resultado: o Brasil era uma casa dividida, marcada pela injustiça e pelo ressentimento, que desperdiçava suas melhores energias. Nós, do governo do presidente Lula, fizemos o contrário. Chegamos à conclusão de que só fazia sentido governar se fosse para todos. E provamos que aquilo que era considerado estorvo era, na verdade, força e impulso para crescer.
Quebramos o tabu e provamos que incluir os mais fracos e os mais necessitados ao processo de desenvolvimento do país é um caminho socialmente correto, politicamente indispensável e economicamente estimulador. Companheiras e companheiros, Nós queremos e podemos fazer mais e melhor. Para realizar esta grande tarefa não basta apenas querer. Ou dizer que vai fazer. É preciso conhecer bem o Brasil, o governo e ter projetos que ampliem e acelerem o que está sendo feito. É preciso, ainda, estar do lado certo e com a postura correta. Dar prioridade e apoio aos que mais precisam, porém governando para todos os brasileiros e brasileiras. É preciso acreditar no Brasil. Acreditar que podemos erradicar a miséria e nos tornar um país com uma das maiores e mais vigorosas classes médias do mundo.
Podemos alcançar isso porque somos um povo criativo e empreendedor; temos uma democracia sólida; um vibrante mercado interno; a maior reserva florestal e a mais limpa matriz energética do planeta; um parque industrial diversificado; uma agricultura forte; e desfrutamos de estabilidade econômica, agora com grandes reservas internacionais superiores a nossos compromissos externos. Mas para ampliar o que conquistamos, precisamos reforçar o planejamento e a integração entre Estado e setor produtivo; governo e sociedade; União, estados e municípios. Este trabalho conjunto terá como prioridades: Educação de qualidade, dando seqüência à transformação educacional em curso ¿ da creche a pós-graduação.
Isso significa: Dar especial atenção à formação continuada de professores para o ensino fundamental e médio; Fazer com que os professores tenham, pelo menos, o curso universitário e uma remuneração condizente com a sua importância; Avaliar o aluno e as nossas escolas para garantir a qualidade do ensino fundamental e médio; Espalhar a educação profissionalizante por todo o país, interiorizando o ensino técnico; Garantir a qualificação do ensino universitário, com ênfase na pós-graduação; Equipar as escolas com banda larga gratuita e assegurar bolsas de estudo e apoio aos alunos; Enfim, formar jovens preparados para nos conduzir à sociedade da tecnologia e do conhecimento.
Se eleita presidente, vou liderar, sem descanso, este processo. Para o Brasil seguir mudando, para melhor, é fundamental promover um salto de qualidade na assistência universal promovida pelo SUS. Nossas prioridades na saúde estarão baseadas em três pilares: financiamento adequado e estável para o Sistema; valorização das práticas preventivas; e organização dos vários níveis de atendimento, garantindo atendimento básico, ambulatorial e hospitalar de alta resolutividade em todos os estados brasileiros. Também daremos prioridade ao desenvolvimento de fármacos, mobilizando para isso institutos de pesquisa, universidades e empresas do setor. Para o Brasil seguir mudando para melhor, precisamos investir, ainda mais, em pesquisa, inovação e política industrial.
O governo Lula foi o que mais investiu em pesquisa e inovação na história recente. Nossa meta é ampliar este esforço, focando os setores portadores de futuro - biotecnologia, nanotecnologia, agroenergia e fármacos, entre outros - e fortalecendo o tripé empresas privadas, institutos tecnológicos e redes universitárias de pesquisas. Isso vai favorecer nosso parque industrial, nossa competitividade agrícola e nossas exportações. Tudo que pode ser produzido de forma competitiva no Brasil,vai ser produzido no Brasil, gerando mais emprego e renda. Para o Brasil seguir mudando, é preciso continuar investindo em inclusão digital. A economia e a cultura contemporâneas exigem que toda a sociedade tenha acesso aos bens digitais. Isso é fundamental para a construção de uma sociedade baseada no conhecimento.Como Lula, quero continuar sendo a presidente da inclusão social, mas quero ser, também, a presidente da inclusão digital.
Para o Brasil seguir mudando, e a vida de seu povo ficar cada vez melhor, é preciso investir em segurança pública. Isso exige uma ação planejada e concentrada de segurança nas áreas urbanas, a exemplo do que vem acontecendo com o Pronasci, e maior capacitação federal nas áreas de fronteira e de inteligência. É preciso lutar contra o crime organizado. Contra o roubo de cargas. Contra o tráfico de armas e de drogas. Contra a praga destruidora do crack. O crack avança sobre a população de forma devastadora. É um crime contra a juventude, contra a família, contra a sociedade e contra a nação. Mas vamos vencer essa guerra. E vamos vencer, como venho dizendo, com apoio, carinho e autoridade. Para o Brasil seguir mudando, é preciso priorizar o planejamento urbano, revigorando a meta de prover acesso universal aos serviços básicos e aumentar a paz social.
Melhorar o ambiente das cidades é uma ação urgente e necessária, já iniciada com o PAC. É hora de avançar ainda mais, ampliando o acesso ao esporte, ao lazer e a cultura; ao saneamento básico; a serviços de saúde de qualidade e a um transporte eficiente. Para o Brasil seguir mudando, é preciso continuar investindo, maciçamente, em infraestrutura. Vamos seguir estimulando, por meio do PAC, a parceria entre os setores públicos e privados e, assim, garantir investimentos que ampliem a competitividade de nossa economia. Vamos construir e melhorar os portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e hidrovias. Ampliar e garantir maior eficiência ao nosso sistema elétrico e aos nossos meios de transporte, incluindo o trem de alta velocidade e o transporte de carga.
Quero ser a presidente da consolidação da infraestrutura brasileira, completando o grande trabalho do presidente Lula. Para o Brasil seguir mudando, precisamos vencer o déficit habitacional já na década que se inicia. Com o Minha Casa, Minha Vida abrimos um vigoroso caminho nesta direção. Garantimos subsídios que evitam o peso de financiamentos insuportáveis para os mais pobres. Mobilizamos o setor privado e simplificamos a burocracia do sistema. Concebi e coordenei, a pedido do presidente Lula, este programa - portanto sei como avançar mais. E já temos pronto o projeto para mais 2 milhões de moradias. Para o Brasil seguir mudando, temos que priorizar a economia de baixo carbono, consolidando o modelo de energia renovável que conquistamos. É preciso incentivar projetos de reflorestamento em áreas degradadas e cumprir as metas que levamos à COP 15, em especial a de redução do desmatamento.
Ao mesmo tempo, incentivaremos a pesquisa e inovação de materiais e produtos de baixo carbono e de baixo consumo de energia. Para o Brasil seguir mudando, temos que continuar modernizando a política de desenvolvimento regional, reconhecendo as particularidades de cada região. Quero ser, depois de Lula, a presidente da moderna integração regional do país, porque vejo em nossas regiões imensos celeiros de oportunidades. Para o Brasil seguir mudando é preciso assegurar a estabilidade e continuar as reformas que melhoram o ambiente econômico, em particular a reforma tributária. A nossa estrutura tributária é caótica, apesar de áreas de excelência na administração - e se não tivermos coragem de reconhecer isso, jamais faremos esta reforma tão urgente e necessária. Entre outras coisas, investir na informatização de todo sistema de tributos para alargar a base da arrecadação e diminuir a alíquota dos impostos.
Outra grande meta é completar a desoneração do investimento, por seu forte efeito sobre as taxas de crescimento. Para o Brasil seguir mudando, precisamos valorizar cada vez mais a nossa cultura. Vamos ampliar a produção e o consumo de bens culturais com base em nossa diversidade e dar meios e oportunidades à criatividade popular. Assim, alargaremos caminhos para que aflore a diversidade cultural brasileira, cuja riqueza e significado podem ser comparados ao da nossa biodiversidade. A cultura é o espaço por excelência da alma e da identidade de um povo. É essencial para a construção de um sentido de nação. Para o Brasil seguir mudando, precisamos aproveitar em benefício de todo o país as extraordinárias riquezas do pré-sal, descobertas pela nossa querida Petrobrás.
Não podemos nos transformar num exportador de óleo cru. Ao contrário, devemos agregar valor ao petróleo aqui dentro, construindo refinarias e exportando derivados de maior valor. O pré sal, como já disse o presidente Lula, é o nosso passaporte para o futuro. Seus recursos não devem ser gastos apenas para a geração presente. Devem formar uma robusta poupança para servir, a todas brasileiras e brasileiros, com investimentos em educação, cultura, meio ambiente, ciência e tecnologia e combate à pobreza. Para o Brasil seguir mudando, precisamos aprofundar a democracia, aperfeiçoando e valorizando nossas instituições. Unir o melhor das nossas energias para fazer a reforma política.
Quero dizer com todas as letras aos partidos políticos e ao país: não dá mais para adiar esta reforma. Ela é uma necessidade vital para corrigir equívocos, vícios e distorções. Para dar eficácia ao voto do eleitor e credibilidade à representação parlamentar. Para dar transparência às instituições e garantir mecanismos reais de controle ao cidadão. Para fortalecer os partidos, estimular o debate público e a participação popular. A consolidação do estado democrático de direito passa, igualmente, pela garantia e manutenção de ampla liberdade de imprensa e da livre circulação e difusão de ideias. Exige, cada vez mais, a ampliação do direito à informação da população, com a multiplicação dos meios de comunicação. E que sejamos capazes de dar respostas abrangentes e inclusivas aos imensos desafios e às fantásticas possibilidades abertas pelo mundo digital, pela internet e pelo processo de convergência de mídias.
Para o Brasil seguir mudando, devemos ampliar nossa presença internacional, oferecendo ao mundo contribuições valiosas nas áreas econômica, de mudanças climáticas e da paz mundial. Seguiremos defendendo, de forma intransigente, a paz mundial, a convivência harmônica dos povos, a redução de armamentos e a valorização dos espaços multilaterais. Em especial, precisamos seguir estreitando as relações com os nossos vizinhos e promovendo a integração da América do Sul e da América Latina, sem hegemonismos, sem querer abafar ninguém, mas com ênfase na solidariedade e no desenvolvimento de todos. Além disso, precisamos manter nosso olhar especial para a África, continente que tanto contribuiu para a nossa formação.
Companheiras e companheiros, Para o Brasil seguir mudando é preciso, acima de tudo, manter e aprofundar o olhar social do governo do nosso grande presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É mais que simbólico que, nesse momento, o PT e os partidos aliados estejam dizendo: chegou a hora de uma mulher comandar o país. Estejam dizendo: para ampliar e aprofundar o olhar de Lula, ninguém melhor que uma mulher na presidência da República. Creio que eles têm toda razão. Nós, mulheres, nascemos com o sentimento de cuidar, amparar e proteger. Somos imbatíveis na defesa de nossos filhos e de nossa família.
Milhões e milhões de heroínas que homenageio nas figuras maravilhosas de Ilza de Nazaré, dona Raimunda dos Cocos, Giovana Abramovicz, Maria da Penha, Ivanete Pereira, Hildelene Lobato Bahia, Janaina Oliveira, Rose Marie Muraro e Maria da Conceição Tavares, que não pode comparecer, nossas convidadas especiais, exemplos vivos de luta e sensibilidade social. E quando falamos de cuidado e amparo, estamos falando de saúde, educação, segurança e emprego. De cuidar melhor dos mais velhos e dos mais jovens. Estamos falando de construir, no mínimo, mais 500 unidades de pronto atendimento - as UPAs 24 horas. E mais 8.600 novas unidades básicas de saúde - as UBSs, em todo o país.
Estamos falando de construir seis mil creches e pré-escolas. De expandir e consolidar a rede de escolas técnicas, de centros de excelência do ensino médio e de nível superior, de centros de inovação científica e tecnológica. E de ampliar o ProUni. Estamos falando de fortalecer todos os programas sociais, com carinho especial para o Bolsa Família. Estamos falando de ampliar o emprego e melhorar o salário. De continuar o grande trabalho que o presidente Lula está fazendo. Estou convencida, minhas companheiras e meus companheiros, que os próximos anos serão decisivos. Se seguirmos mudando, se seguirmos incluindo, se seguirmos crescendo ¿ e temos tudo para atingir esses objetivos -, o Brasil vai mudar definitivamente de patamar. Vamos erradicar a miséria nos próximos anos. Vamos transitar de país emergente para país desenvolvido no qual a população desfruta de serviços públicos adequados, educação de qualidade e bons empregos.
Creio que, se trabalharmos direito e fizermos as opções acertadas, podemos construir e legar para nossos filhos e netos o melhor lugar do mundo para se viver. Companheiras e companheiros, Durante o governo do presidente Lula, começamos a construir um novo Brasil. Esta é a obra que quero continuar. Com a clara consciência de que continuar não é repetir. É avançar. Esta é a missão que o PT e os partidos aliados colocam em minhas mãos. É este compromisso de fazer o Brasil seguir mudando que assumo, no fundo de minha alma e do meu coração. Este é o compromisso que vamos cumprir, com coragem e determinação, eu e meu companheiro de chapa, Michel Temer, futuro vice-presidente da república. Temer: vamos fazer uma bela caminhada juntos, com nossos partidos e todos os partidos da coalizão - a coalizão dos que sabem que, da mesma forma que foi preciso somar forças para conquistar a democracia no passado, é preciso somar forças hoje para alargar ainda mais o caminho aberto pelo presidente Lula. Estamos juntos para seguir mudando. Não há e não haverá retornos.
Nesta campanha nós vamos debater em alto nível, vamos confrontar projetos e programas. Vamos esclarecer ao povo que somos diferentes dos outros candidatos. Mas depois de eleitos, governaremos para todos, como fez Lula, o presidente que mais uniu os brasileiros. Sei como buscar a união de forças e não a divisão estéril. Sei como estimular o debate político sério e não o envenenamento que não serve a ninguém. Para concluir, quero lembrar uma cena que vivi há poucos dias e me comoveu fortemente. Eu estava num aeroporto, quando um jovem casal, com uma filhinha linda, se aproximou. E a mãe falou assim: "eu trouxe minha filha aqui pra que você diga a ela que mulher pode". Eu perguntei para a guria: "mulher pode o quê?". E ela: "ser presidente". Eu disse: "pode sim, não tenha dúvida que pode". Sabem como é o nome desta menininha? Vitória!
Pois é para ela, e para as milhões e milhões de pequenas Vitórias e Marias, meninas deste Brasil que não sabem ainda que uma mulher pode ser presidente, é para elas que eu quero dedicar a minha luta. E a nossa vitória. Para que, assim como depois de Lula, um operário brasileiro sabe que ele, seu filho, seu neto, podem ser presidente do Brasil, estas pequenas Vitórias e Marias também possam responder, quando perguntadas o que vão ser quando crescer; que elas possam responder, como fazem os meninos : "Eu quero ser presidente do Brasil!" E que o Brasil seja cada vez mais feliz por causa desta resposta. Muito Obrigada. Viva o povo brasileiro! E rumo à vitória para o Brasil seguir mudando!"
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