A notícia de que o PSDB apresentaria o nome do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) aos partidos aliados em torno da candidatura de José Serra, dada no início da tarde desta sexta-feira, 25, pegou a todos de surpresa. Embora o nome de Dias viesse sendo cotado já há algum tempo para o cargo, suas chances efetivas de se concretizar eram tidas como pequenas, basicamente em função de três motivos: 1) Álvaro Dias não é um nome que possui representatividade em nenhuma fatia do eleitorado (como seria uma mulher ou alguém do Nordeste, por exemplo); 2) o Paraná está longe de ser um estado decisivo para o quadro eleitoral; e 3) o ônus de sua indicação supera o bônus, uma vez que não é consensual entre os aliados.
Colocados estes três fatores, entra em debate a seguinte questão: estaria Serra cometendo um erro tático que pode custar a sua derrota já no primeiro turno da campanha presidencial ou esta notícia, veiculada pela grande imprensa, não passa de um blefe político? Sobre o erro tático, fica fácil entender, pois ele é decorrente da combinação dos fatores expostos acima, sobretudo do último: a indicação de um tucano – com exceção apenas do nome de Aécio Neves, que era consensual – pode provocar um grande racha entre os aliados de Serra, sobretudo em relação ao DEM, que reivindicava veementemente a vaga. Para entender a fundo a questão tática, não deixe de ler o artigo a este respeito, clicando aqui.
Contudo, é importante que se diga que a hipótese de erro tático é um tanto quanto estranha, sobretudo se considerarmos que José Serra não é um estreante na política. Desde os anos 80, o tucano concorre praticamente em todas as eleições a algum cargo eletivo e sabe muito bem o custo político que teria um descontentamento em sua base aliada. É difícil acreditar, por esta razão, que o ex-governador de São Paulo seria capaz de bancar uma indicação que comprometeria bastante a sua campanha, sobretudo do lado dos seus aliados. Álvaro Dias não é Aécio Neves, nem na visão dos demos nem na visão dos eleitores. Por que então preferir o nome do senador a qualquer outro nome indicado pelo DEM e que teria o mesmo peso eleitoral , sem contudo ter o ônus de desagradar aliados?
O quadro paranaense e a possibilidade de blefe político
Ora, a resposta mais óbvia que vem à mente é a segunda hipótese levantada no início deste artigo: a de blefe político. Vamos lá: o quadro da disputa pelo governo do Paraná não está definido, haja vista que por enquanto, no plano das grandes candidaturas, apenas a de Beto Richa (PSDB) está formalizada. O irmão do senador Álvaro Dias – Osmar Dias (PDT) – é visto por todos como um candidato forte, capaz de derrotar Richa nas urnas e se tornar o novo governador do Paraná. Para essa tarefa, ele contaria com o apoio do PT e do PMDB, cujo pré-candidato e atual governador, Orlando Pessuti, anunciou no início desta semana que abriria mão de concorrer à reeleição para apoiar Osmar Dias e estabelecer um palanque único para a presidenciável Dilma Rousseff no estado.
A possibilidade de uma candidatura de Osmar Dias, bancada pelo PT e PMDB, naturalmente não é vista com bons olhos nem pelo PSDB estadual nem pelo nacional, uma vez que ela pode inviabilizar tanto a eleição de Beto Richa quanto um palanque forte para José Serra no estado. Do seu lado, Osmar Dias vem adiando há um bom tempo a sua decisão, já que uma das condições que ele estabeleceu para disputar o governo do Paraná ao invés de tentar a reeleição ao Senado foi de que sua vice fosse a pré-candidata do PT ao Senado, Gleisi Hoffmann. Esta seria, segundo Dias, uma garantia de que o PT se empenharia na sua eleição para governador.
Contudo, as conversas nesse sentido não fluíram da maneira esperada por Osmar Dias, já que nem o PT quer abrir mão da candidatura de Gleisi para o Senado nem o PMDB quer deixar de indicar a vice de Osmar Dias. Assim, um pré-acordo costurado em Brasília no decorrer dessa semana, contando com a participação do próprio presidente Lula, garantia a Osmar Dias o apoio do PT e do PMDB, com o PMDB indicando o seu vice e a coligação indicando ao Senado a petista Gleisi e o ex-governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB). Osmar Dias, contudo, patinou e ficou de anunciar uma decisão final entre a tarde desta sexta-feira e o próximo sábado, 26, quando o PDT-PR deve oficializar sua posição.
E aí pode estar o blefe do PSDB: com a indicação de Álvaro Dias para vice de Serra, a idéia seria inviabilizar a candidatura de Osmar Dias ao governo do Paraná, assegurando uma chance real de vitória de Beto Richa e também fortalecendo o palanque tucano no Estado, já que a idéia era de que, neste quadro, Osmar Dias seria candidato à reeleição no Senado na chapa de Richa. Segundo informações do Portal Terra, o senador Osmar Dias declarou, logo após a notícia da indicação de seu irmão para vice de Serra, que “estava certa minha candidatura ao governo (do Paraná), aliado ao PT e PMDB. Mas isso muda”, reforçando a tese de que um blefe com esse propósito já estaria surtindo efeito.
Agora cabem as perguntas: se de fato Osmar Dias desistir de disputar o governo do Paraná para tentar uma reeleição a Senador na chapa de Beto Richa, o PSDB vai bancar de fato a indicação de Álvaro Dias para vice de Serra? Ou tudo isto não terá passado de um blefe tucano para simplesmente tirar Osmar Dias da jogada e fortalecer um palanque regional de Serra? Caso Serra resolva bancar a indicação de Osmar Dias, como ficará a sua relação com o DEM, o segundo maior partido de oposição e uma força importante para a candidatura tucana? Estaria Serra disposto a prejudicar sua campanha nacional por conta de um estado que não é decisivo? De antemão, caciques do DEM, como o ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, não gostaram nem um pouco da novidade. Vamos aguardar os próximos capítulos da novela do vice de Serra.
Colocados estes três fatores, entra em debate a seguinte questão: estaria Serra cometendo um erro tático que pode custar a sua derrota já no primeiro turno da campanha presidencial ou esta notícia, veiculada pela grande imprensa, não passa de um blefe político? Sobre o erro tático, fica fácil entender, pois ele é decorrente da combinação dos fatores expostos acima, sobretudo do último: a indicação de um tucano – com exceção apenas do nome de Aécio Neves, que era consensual – pode provocar um grande racha entre os aliados de Serra, sobretudo em relação ao DEM, que reivindicava veementemente a vaga. Para entender a fundo a questão tática, não deixe de ler o artigo a este respeito, clicando aqui.
Contudo, é importante que se diga que a hipótese de erro tático é um tanto quanto estranha, sobretudo se considerarmos que José Serra não é um estreante na política. Desde os anos 80, o tucano concorre praticamente em todas as eleições a algum cargo eletivo e sabe muito bem o custo político que teria um descontentamento em sua base aliada. É difícil acreditar, por esta razão, que o ex-governador de São Paulo seria capaz de bancar uma indicação que comprometeria bastante a sua campanha, sobretudo do lado dos seus aliados. Álvaro Dias não é Aécio Neves, nem na visão dos demos nem na visão dos eleitores. Por que então preferir o nome do senador a qualquer outro nome indicado pelo DEM e que teria o mesmo peso eleitoral , sem contudo ter o ônus de desagradar aliados?
O quadro paranaense e a possibilidade de blefe político
Ora, a resposta mais óbvia que vem à mente é a segunda hipótese levantada no início deste artigo: a de blefe político. Vamos lá: o quadro da disputa pelo governo do Paraná não está definido, haja vista que por enquanto, no plano das grandes candidaturas, apenas a de Beto Richa (PSDB) está formalizada. O irmão do senador Álvaro Dias – Osmar Dias (PDT) – é visto por todos como um candidato forte, capaz de derrotar Richa nas urnas e se tornar o novo governador do Paraná. Para essa tarefa, ele contaria com o apoio do PT e do PMDB, cujo pré-candidato e atual governador, Orlando Pessuti, anunciou no início desta semana que abriria mão de concorrer à reeleição para apoiar Osmar Dias e estabelecer um palanque único para a presidenciável Dilma Rousseff no estado.
A possibilidade de uma candidatura de Osmar Dias, bancada pelo PT e PMDB, naturalmente não é vista com bons olhos nem pelo PSDB estadual nem pelo nacional, uma vez que ela pode inviabilizar tanto a eleição de Beto Richa quanto um palanque forte para José Serra no estado. Do seu lado, Osmar Dias vem adiando há um bom tempo a sua decisão, já que uma das condições que ele estabeleceu para disputar o governo do Paraná ao invés de tentar a reeleição ao Senado foi de que sua vice fosse a pré-candidata do PT ao Senado, Gleisi Hoffmann. Esta seria, segundo Dias, uma garantia de que o PT se empenharia na sua eleição para governador.
Contudo, as conversas nesse sentido não fluíram da maneira esperada por Osmar Dias, já que nem o PT quer abrir mão da candidatura de Gleisi para o Senado nem o PMDB quer deixar de indicar a vice de Osmar Dias. Assim, um pré-acordo costurado em Brasília no decorrer dessa semana, contando com a participação do próprio presidente Lula, garantia a Osmar Dias o apoio do PT e do PMDB, com o PMDB indicando o seu vice e a coligação indicando ao Senado a petista Gleisi e o ex-governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB). Osmar Dias, contudo, patinou e ficou de anunciar uma decisão final entre a tarde desta sexta-feira e o próximo sábado, 26, quando o PDT-PR deve oficializar sua posição.
E aí pode estar o blefe do PSDB: com a indicação de Álvaro Dias para vice de Serra, a idéia seria inviabilizar a candidatura de Osmar Dias ao governo do Paraná, assegurando uma chance real de vitória de Beto Richa e também fortalecendo o palanque tucano no Estado, já que a idéia era de que, neste quadro, Osmar Dias seria candidato à reeleição no Senado na chapa de Richa. Segundo informações do Portal Terra, o senador Osmar Dias declarou, logo após a notícia da indicação de seu irmão para vice de Serra, que “estava certa minha candidatura ao governo (do Paraná), aliado ao PT e PMDB. Mas isso muda”, reforçando a tese de que um blefe com esse propósito já estaria surtindo efeito.
Agora cabem as perguntas: se de fato Osmar Dias desistir de disputar o governo do Paraná para tentar uma reeleição a Senador na chapa de Beto Richa, o PSDB vai bancar de fato a indicação de Álvaro Dias para vice de Serra? Ou tudo isto não terá passado de um blefe tucano para simplesmente tirar Osmar Dias da jogada e fortalecer um palanque regional de Serra? Caso Serra resolva bancar a indicação de Osmar Dias, como ficará a sua relação com o DEM, o segundo maior partido de oposição e uma força importante para a candidatura tucana? Estaria Serra disposto a prejudicar sua campanha nacional por conta de um estado que não é decisivo? De antemão, caciques do DEM, como o ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, não gostaram nem um pouco da novidade. Vamos aguardar os próximos capítulos da novela do vice de Serra.
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