
Segundo reportagem publicada nesta segunda-feira, 14, no Blog do Josias de Souza, da Folha de São Paulo, Serra cada vez mais sinaliza sua preferência por um nome tucano, o que vem desagradando sobremaneira um aliado importante do PSDB: o DEM, que já estaria ensaiando uma crise no ninho tucano. A razão é bem simples: o DEM, que é a segunda maior força da oposição, teria no início deste ano aceitado abrir mão da indicação do vice de Serra em caso do ex-governador mineiro Aécio Neves aceitar compor a chapa com o presidenciável. A decisão do DEM foi racional, pois Aécio é um nome que tem capacidade de agregação forte, sobretudo no segundo maior colégio eleitoral do país.
Contudo, após o ex-governador mineiro descartar a hipótese e preferir a disputa ao Senado pelo seu estado, o impasse ficou instalado no campo da oposição, uma vez que naturalmente o DEM voltou a requisitar a vaga. E esse impasse tem ficado cada vez mais transparente à medida que Serra não se decide. De acordo com a reportagem de Josias de Souza, “é crescente a irritação dos caciques da tribo ‘demo’ com o estilo de Serra. Tacham-no de ‘centralizador’. Acusam-no de conduzir uma campanha ‘solitária’. Enquanto Serra esteve à frente nas pesquisas, as diferenças foram escamoteadas. A subida de Dilma Rousseff içou-as à superfície”.
Descontentamento do DEM
Como manifestação cabal desse descontentamento que paira sobre a cúpula dos demos diante da indecisão de José Serra, um dirigente do partido teria confidenciado ao repórter Josias de Souza, da Folha: “Se tivéssemos um nome alternativo, já teríamos mandato o Serra para aquele lugar”. E continuou: “para não acrescentar problemas a uma campanha já problemática, temos evitado a crítica pública. Mas o Serra não ajuda”. A insatisfação assim se espalha no meio da cúpula do DEM e, embora o líder do partido no Senado, José Agripino Maia, tente colocar “panos quentes”, uma ala do partido liderada por Rodrigo Maia (presidente do DEM) e Jorge Bornhausen batem o pé para indicar o vice de Serra.
A situação ficou ainda mais complicada quando vazou, há dois meses, a informação de que o ex-governador de São Paulo estaria flertando com o PP e, em troca do apoio da legenda, daria ao partido de Paulo Maluf a vez para indicar o vice da chapa, que provavelmente seria o senador Francisco Dornelles. Essa informação só fez ampliar a irritação de lideranças nacionais do DEM. Contudo, com a improbabilidade de que o PP se junte à oposição, já que o partido admite que escolherá entre ficar neutro ou continuar na base do governo, o DEM voltou a pressionar Serra pela indicação do vice, mas agora esbarra no desejo do candidato de constituir uma chapa puro-sangue.
Neste sentido, após a recusa de Aécio e de Tasso Jeireissati (PSDB-CE), Serra estaria pendido a escolher entre o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e o senador paranaense Álvaro Dias para compor a sua chapa. Porém nenhum dos dois nomes agradam a cúpula do DEM e, mais que isso, o partido não admite nenhum outro tucano, fora Aécio, para compor a chapa com o ex-governador de São Paulo. A convenção do DEM está marcada para o dia 27 de junho e, nesta data, o partido planeja oficializar o apoio à candidatura de Serra e também o nome que comporá a chapa com ele. Contudo, o dirigente da legenda deixa escapar à Folha: “os convencionais não ficarão confortáveis em aprovar a aliança com um partido que nos trate como aliados de segunda classe”.
Considerando outro jargão popular, de que “para bom entendedor um pingo é letra”, podemos perceber que a cúpula do DEM já ensaia de fato partir para uma postura de maior cobrança a Serra, colocando-o contra a parede. É pouco provável que o partido aceite abrir mão da indicação do vice na chapa de Serra para acomodar outro tucano que não Aécio Neves. Este é mais um problema, no meio de um mar deles, para ser equacionado pelo candidato tucano. Para quem se julga tão experiente, aguardemos como será a condução dessa novela, que cada dia que passa parece estar mais distante ainda do seu fim.
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