Quatro dias depois de atribuir à pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, uma frase que ela não disse, a Folha de São Paulo admitiu o erro e publicou na seção “Erramos” da edição de quinta-feira, 15, a devida correção. Na edição do último domingo, 11, o jornal publicou, na página A7 de alguns exemplares, que Dilma havia dito, em seu discurso em São Bernardo do Campo, no dia anterior, a seguinte frase: “eu não fugi da luta e não deixei o Brasil”.
A partir disso, iniciou-se uma onda de ataques à petista feitos por setores demo-tucanos e pela própria imprensa, que passaram a difundir a interpretação falaciosa de que Dilma teria criticado os exilados da época da ditadura militar. Tanto que na segunda-feira, 12, os principais jornais do país – incluindo a própria Folha – publicaram matérias se referindo ao caso como “Frase de Dilma sobre exilados gera críticas na oposição”. Para entender o acontecido no dia, clique aqui.
Correção do jornal é insuficiente
O mais grave é que em nenhum momento Dilma se referiu aos exilados, sendo que sua frase foi: “eu nunca fugi da luta ou me submeti. E, sobretudo, nunca abandonei o barco”. Ou seja, daí à frase publicada pela Folha de São Paulo e repercutida pelos demais veículos da imprensa existe uma diferença enorme! Agora, o mais grave é que a “correção” feita pela Folha em sua edição desta quinta-feira é muito pouco, já que ela ocupa poucas linhas soltas no meio do jornal e não dá conta, neste aspecto, de minimizar o impacto negativo gerado pela informação falaciosa do início da semana.
Sem contar o fato de que a informação equivocada sobre a suposta frase que Dilma teria dito a respeito dos exilados ganhou destaque na edição impressa da Folha, ao passo que a correção do texto, na seção “Erramos” desta quinta-feira, não tem destaque nenhum. Fica difícil, neste sentido, acreditar na intenção da Folha de São Paulo em verdadeiramente corrigir a informação que foi erroneamente veiculada no início desta semana, já que, se assim o fosse, o jornal daria o mesmo espaço que deu à notícia falaciosa.
Fica cada vez mais evidente, neste sentido, o papel de panfleto político das forças demo-tucanas assumido pela Folha, já que a suposta imparcialidade passa longe da redação do jornal. Tanto é que conseguiram inserir a expressão “não deixei o Brasil” no discurso da ex-ministra, sendo que em nenhum momento ela disse algo parecido. E, agora, diante do pedido de correção apresentado pelo assessor de imprensa de Dilma, Oswaldo Buarim Júnior, a Folha faz um “mea culpa” que não convence ninguém, pelos motivos acima explicitados.
Abaixo o texto que a Folha publicou na seção “Erramos” de quinta-feira:
“A ex-ministra Dilma Rousseff nunca disse a frase ‘eu não fugi da luta e não deixei o Brasil’, publicada em parte dos exemplares da edição de domingo no texto ‘Dilma ataca rival e diz que não “fugiu” da luta na ditadura’ (Brasil). A correção é necessária porque a informação errada deu margem a uma interpretação maliciosa do discurso da ex-ministra. Dilma Rousseff não se referiu em nenhum momento a pessoas que tiveram de deixar o país em qualquer circunstância. Segue a transcrição exata do trecho do discurso que foi deturpado: ‘Eu não fujo da situação quando ela fica difícil. Eu não tenho medo da luta. Eu posso apanhar, sofrer, ser maltratada, como já fui, mas eu estou sempre firme com as minhas convicções. Em cada época da minha vida, eu fiz o que fiz porque acreditei no que fazia. Fiz com o coração, com a minha alma e a minha paixão. Eu só mudei quando o Brasil mudou, mas eu nunca fugi da luta ou me submeti. E, sobretudo, nunca abandonei o barco”.
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