segunda-feira, 12 de abril de 2010

Até onde chega a má fé da oposição e da imprensa


É revoltante e ao mesmo tempo patético vermos o comportamento da imprensa brasileira e da oposição, que, movidos por um sentimento que não pode ter outro nome senão má-fé, tentam colocar palavras na boca dos seus adversários ao sabor de suas interpretações pessoais. Opositores e grandes jornais do país publicaram nesta segunda-feira, 12, críticas à pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, por uma suposta “menção” que ela teria feito aos “exilados” do regime militar em seu discurso no sábado, no ABC paulista.

Na ocasião, Dilma declarou que: “eu não fujo quando a situação fica difícil. Eu não tenho medo da luta. Posso apanhar, sofrer, ser maltratada, mas estou sempre firme com minhas convicções. Em cada época da minha vida, fiz o que fiz por acreditar no que fazia. Só segui o que a minha alma e o meu coração mandavam. Nunca me submeti. Nunca abandonei o barco”. Em que momento neste discurso a pré-candidata faz referência aos exilados?

Na leitura da oposição e da mídia a serviço da direita, Dilma teria se referido aos exilados políticos do golpe militar quando disse que “não foge da luta”. Ora, isso não passa de uma interpretação interesseira desses setores conservadores, já que a ex-ministra em nenhum momento faz menção aos exilados. Fugir da luta é, neste sentido, fechar os olhos à realidade social ou política do momento; é preferir calar-se a lutar por uma transformação do que está à sua volta. E, neste sentido, nem Dilma nem os exilados do regime militar, incluindo o pré-candidato do PSDB, José Serra, fugiram da luta.

Oposição e imprensa agem de má-fé
Contudo, a oposição e a mídia, sempre ávidas por novos factóides, começaram desde a manhã desta segunda-feira a onda de ataques a Dilma. Roberto Freire, presidente do PPS, um dos partidos da base de apoio à candidatura de Serra, publicou uma nota de “desagravo”, dizendo que “repudia as acusações feitas pela candidata do PT, Dilma Roussef, que os chamou a todos de fugitivos”. Agora, quando e onde a petista chamou os exilados de fugitivos?

Porque no discurso de sábado em nenhum momento ela fez essa referência. Aliás, essa associação foi obra da mente fértil e maliciosa do campo oposicionista. Tanto que o Estadão publicou uma matéria nesta manhã com o título ”Frase de Dilma sobre exilados gera polêmica com adversários políticos” e no próprio texto o jornal declara que: “a frase foi interpretada como uma provocação a Serra, que viveu diversos anos no exílio durante a ditadura”. Ou seja, o próprio Estadão se contradiz ao afirmar que tudo não passou de uma interpretação.

Agora, com que direito esses setores acusam Dilma de dizer algo que ela não disse, baseados somente em uma interpretação de uma frase da pré-candidata? Isso vai além da irresponsabilidade – trata-se de má-fé mesmo, da mais pura falta de ética tanto por parte dos oposicionistas quanto por parte da imprensa. A Folha de São Paulo, por sua vez, também apresentou contradição em seu texto publicado nesta segunda-feira, com o título de ”Após polêmica, Dilma nega ter criticado exilados políticos da ditadura”. Primeiro, o artigo diz que: “a pré-candidata deu explicações (...) sobre a declaração de que os exilados da ditadura militar teriam fugido da luta contra regime”.

Logo abaixo, neste mesmo texto, a Folha diz que: “a declaração foi encarada como uma crítica ao pré-candidato José Serra (PSDB), exilado político na época”. Ora, Dilma declarou ou não que os exilados políticos fugiram da luta? Ou tudo não passou de uma interpretação “que veio a calhar” para a oposição? Vemos que tanto a reportagem do Estadão quanto a da Folha se contradizem em suas versões, afirmando primeiramente que a pré-candidata chamou os exilados políticos da ditadura de “fugitivos”, mas logo abaixo dizendo que a fala da ex-ministra foi “interpretada” ou “encarada” como uma menção a eles.

Em sua página no serviço de microblog Twitter, Dilma afirmou nesta segunda-feira que: “De onde tiraram que fugir da luta é se exilar? O exílio significou a diferença entre a vida e a morte para os exilados brasileiros”. A petista acrescentou: “grandes amigos meus corajosos e valorosos só tiveram uma saída na ditadura, se exilar. Querer dizer que eu os critiquei só pode ser má fé”. E Dilma tem razão quando qualifica a ação da oposição e da imprensa como má-fé, afinal de contas, jornalismo sério não se faz com base na interpretação, mas sim na ocorrência real dos fatos.

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