sexta-feira, 2 de abril de 2010

O mito da Serrolândia



Desde fevereiro deste ano, o dinheiro do contribuinte paulista tem sido utilizado para custear a exibição diária na TV, inclusive no horário nobre, dos feitos e ações do ex-governador José Serra (PSDB) no reino em que ele governava. Muitos podem pensar que Serra governava São Paulo: engano, já que todas aquelas obras e políticas públicas não existem por aqui. Na verdade, tudo aquilo era feito na Serrolândia.

A Serrolândia é muito diferente do Estado de São Paulo. Aliás, quem dera que São Paulo fosse daquele jeito: com educação de qualidade, com escolas repletas de infra-estrutura em cada canto do Estado, com saúde de primeiro mundo, com transporte eficiente, com valorização do funcionalismo público etc. Costumam dizer que inveja não é um sentimento bom, mas como não ter inveja de quem vive na Serrolândia? Lá tudo é tão organizado, planejado, não tem enchente e não se fala em pedágio!

A educação na Serrolândia
A educação é o ponto forte na Serrolândia: lá os professores estaduais são valorizados, com salários dignos, e os alunos recebem todo tipo de apoio e infra-estrutura para o aprendizado. Nas séries mais fundamentais, inclusive, existem dois professores por sala. Coisa de primeiro mundo. Sem contar que, como os professores são valorizados, recebendo um salário justo, não existem razões para greve. E quando elas ocorrem, são atos isolados de baderneiros, que não mobilizam nem 1% da rede.

Tudo muito diferente aqui do Estado de São Paulo. Infelizmente, nós paulistas não temos a mesma sorte dos habitantes da Serrolândia. Os professores estaduais são verdadeiros heróis, já que o Estado não lhes dá condições básicas para o ensino: a infra-estrutura das escolas é péssima e os salários pagos aqui fazem o Professor Raimundo parecer um sultão. Para se ter uma idéia, o salário do magistério paulista está defasado em 34,3% e o ticket alimentação recebido pelos mestres tem valor diário de R$ 4,00, o que lhe vale o apelido de “vale-coxinha”.

Em São Paulo, educação não é prioridade, já que em 2002 o orçamento da área representava pouco mais de 24% da receita total do Estado. Agora, em 2010, o orçamento destinado à educação responde por menos de 15% da receita total. E se os professores fizerem quaisquer reivindicações, são tratados como bandidos, já que o ex-governador daqui e atual candidato à Presidência da República coloca a Polícia Militar para distribuir cassetadas e gás de pimenta nos professores.

A saúde na Serrolândia
Saúde é prioridade na Serrolândia, assunto tratado com a mais absoluta seriedade. Na Serrolândia, não existem filas nos hospitais, os pacientes são tratados de uma forma humana e acolhedora. Dizem até que a pessoa que vai para um hospital da Serrolândia não quer sair nunca mais, pois parece que ela está em um hotel de luxo. Os recursos repassados pelo SUS são totalmente aproveitados e investidos na compra de medicamentos, na ampliação dos leitos e em programas de prevenção de doenças.

Já no Estado de São Paulo, a Saúde vai de mal a pior. Aqui as filas nas portas dos hospitais são maiores que as filas em estádios em dia de clássico. Sem contar que boa parte dos repasses do SUS é aplicada no mercado financeiro, para render juros e fazer frente ao equilíbrio fiscal. O ex-governador Serra chama isso de choque de gestão. E o povo sente na pele a falta de medicamentos nos postos de saúde e nos hospitais da rede pública.

Nestes últimos anos de governo Serra em São Paulo, iniciou-se um processo de terceirização dos serviços da saúde, bem característico das gestões tucanas. A conseqüência direta foi o maior sucateamento do SUS no Estado. E os servidores da saúde, estes estão acumulando perda salarial de 40%, já que há anos o governo do Estado não lhes concede aumento real nos salários.

A segurança pública na Serrolândia
No tocante à segurança pública, a Serrolândia é o paraíso na Terra. Quem vai para a Serrolândia relata que é como uma viagem no tempo: as pessoas têm a liberdade de andar pelas ruas na hora que bem entender, os vizinhos colocam as cadeiras nas portas de casas e ficam conversando madrugada a dentro, sem maiores preocupações. Furtos? Nem de galinhas! Assassinatos? Isso não existe na Serrolândia. Tráfico? Ninguém lá sabe o que é isso!

Os paulistas não têm essa mesma sorte. Andar pelas ruas de qualquer cidade do Estado de São Paulo em determinadas horas é um teste de coragem, especialmente em bairros mais periféricos, onde a segurança pública não chega. Roubos, assaltos, assassinatos e uma rede de tráfico de drogas que não engloba somente a capital, mas muitas cidades do interior paulista! A Polícia não tem seu trabalho reconhecido pelo Estado: é mal paga e não passa por cursos de aperfeiçoamento.

Esses são apenas alguns pontos da Serrolândia, uma terra que evoca a concepção de paraíso terrestre, e que ao mesmo tempo é o oposto do Estado de São Paulo. Sem dúvida, um passeio ideal para quem quer fugir dos problemas de São Paulo! É o destino certo para o próximo feriado prolongado! Só não sei onde fica. Quem tiver um mapa de como chegar à Serrolândia, por favor me envie um e-mail.

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