sexta-feira, 9 de abril de 2010

Como o governo Lula gerou mais de 12 milhões de empregos formais?



É bastante razoável que avaliemos o desempenho de um governo usando como um dos critérios de análise a geração de empregos obtida no período. Um outro indicador importante seria o equilíbrio macroeconômico desse governo, especialmente no que diz respeito ao controle inflacionário. Por esse prisma, é plausível dizermos que um governo será melhor que outro à medida que gerar mais empregos mantendo um cenário de inflação sob controle.

A afirmação pode parecer estranha se pensarmos na Teoria Econômica de inspiração neoclássica que diz que, no curto prazo, existe um trade-off entre inflação e desemprego, o que é chamado pelos economistas de “Curva de Philipps”. Ou seja, o que a teoria econômica clássica ensina é que os policy makers se defrontam com a seguinte opção conflitiva: se combatem a inflação, aumentam necessariamente o desemprego; e se combatem o desemprego, aceleram a inflação. O que fazer então?

Ora, uma análise mais profunda do governo Lula mostra que as coisas não são bem assim com reza a cartilha clássica da Economia. Isto porque desde o seu início, o governo Lula vem sendo atingindo marcas extraordinárias de geração de emprego dentro de um ambiente de controle inflacionário: ou seja, o emprego é gerado e o equilíbrio macroeconômico segue inabalado, contrariando a curva de Phillips. E mais que isso: os resultados alcançados pelo governo Lula contrariam até mesmo as projeções pessimistas da oposição, feitas ao longo da campanha de 2002.

Mais de 12 milhões de empregos formais
Para se ter uma idéia, de acordo com declaração do Ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), em março deste ano, a geração de empregos formais atingiu um novo recorde no país, superando a marca histórica de 204 mil novas vagas de trabalho. Com a superação desse número, o total de empregos formais gerados pelo governo Lula desde janeiro de 2003, quando teve seu início, atinge um patamar próximo a 12,4 milhões de novas vagas, considerando os dados da Rais e do Caged.

O ministro Lupi projeta, ainda, que até o final deste ano, quando termina o governo Lula, o total de novos postos formais de trabalho deve atingir um valor entre 14 e 15 milhões. Façamos alguns cálculos, considerando o total de empregos formais criados até março deste ano – a saber 12,4 milhões. Com este volume de vagas, a média registrada pelo governo Lula é de 1,55 milhão de novos postos de trabalho formais por ano, desde 2003. Essa média por si só é bem superior ao total de empregos gerados no governo FHC, que foi de aproximadamente 800 mil novas vagas.

Voltemos à calculadora então: com um volume de geração de emprego de 800 mil vagas em 8 anos, o governo FHC teve uma média anual de 100 mil novos postos de trabalho. Isso quer dizer que se levarmos em conta os dados preliminares de março, que apontam para uma geração de empregos acima de 204 mil novas vagas, podemos perceber que em um único mês o governo Lula criou mais que o dobro de empregos da média anual do governo FHC. E tudo isso, dentro de um cenário de controle inflacionário, já que a inflação medida pelo IPCA encerrou 2009 em 4,31%.

Oposição não acreditava na geração de empregos
O êxito alcançado pelo governo Lula no que diz respeito à geração de empregos torna-se mais interessante se relembrarmos o debate eleitoral de 2002. Naquele momento, o então candidato Lula assumia o compromisso de criar em seu governo 10 milhões de novos postos de trabalho, incluindo aqui tanto emprego formal quanto informal. Quando declarou isso, Lula foi criticado por boa parte da imprensa e inclusive pelo seu principal adversário, o ex-ministro da Saúde de FHC e atual pré-candidato (novamente) à Presidência da República, José Serra (PSDB). Serra chegou inclusive a cobrar explicações de Lula, conforme pode ser visualizado em matéria da Folha de S.Paulo daquela época.

Serra declarou ao jornal naquela época que “para frases de efeito, o Lula é craque. Precisa mostrar que é craque em como fazer e isso ele ainda não mostrou”, também dizendo que Lula teria que explicar “questões como a criação de empregos”. Como será que hoje, oito anos depois, o pré-candidato Serra avalia essa criação de empregos feita pelo governo Lula? Será que o êxito do governo Lula em criar não apenas 10 milhões (entre formais e informais) e sim 12,4 milhões de empregos formais até o momento, responde ao Serra?

Muitas vozes da oposição e da imprensa podem dizer que Lula conseguiu esse êxito por ter seguido a mesma política econômica de FHC. Ora, mas se Lula seguiu o mesmo receituário, como gostam de dizer erroneamente os opositores, por que FHC criou apenas 800 mil vagas de trabalho em seu governo? Se a política econômica foi a mesma (e sabemos que não foi), então FHC também tinha que ter criado milhões de novos empregos. Mas, naturalmente, a oposição prefere se comportar como a avestruz, enfiando a cabeça no chão e fazendo de conta que nada aconteceu.

Projeto político do governo Lula foi fundamental
O que devemos atentar é que essa extraordinária geração de empregos alcançada no governo Lula foi fruto de um projeto de desenvolvimento para o país totalmente distinto do projeto tucano. O governo Lula, ao contrário do tucanato, deu ao Estado o papel de planejar e induzir os investimentos, através de políticas públicas transversais, como o PAC, que contribuíram para a geração de empregos. Aliado a isso, os incentivos dados pelo governo através da concessão de novas linhas de financiamento para o setor privado também foram decisivos.

E, naturalmente, não podemos esquecer que a política de valorização da renda, através dos ganhos reais no salário mínimo, e também as políticas de transferência de renda impulsionaram o consumo – sem, contudo, elevar a inflação -, favorecendo, assim, o setor de serviços e o comércio em geral. Dentro de um contexto de estabilidade econômica e perspectivas otimistas para a economia, o setor privado sentiu-se à vontade para ampliar o nível de investimentos ao longo desse período, o que acabou resultando em novos postos de trabalho com carteira assinada.

O que se percebe com tudo isso é que o êxito da política de criação de empregos do governo Lula está diretamente relacionado com o projeto político desenvolvido ao longo destes 8 anos, que coloca o Estado como indutor do investimento e ao mesmo tempo favorece a expansão dos investimentos privados. Para os oposicionistas que achavam surreal quando Lula dizia que criaria 10 milhões de novos empregos em seu governo, resta apenas admitir o êxito desse projeto. Afinal de contas, nem o mais idiota dos opositores pode negar que o Brasil avançou muito nesta questão ao longo do governo Lula!

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