terça-feira, 23 de março de 2010

Após derrota nas urnas, Sarkozy enfrenta greves em toda França



A maré não anda muito boa para o presidente francês, Nicolas Sarkozy. Após a derrota sofrida nas eleições regionais de domingo, quando o seu partido, a UMP, ganhou em apenas uma região territorial e uma em ultramar, Sarkozy enfrenta nessa terça-feira, 23, uma greve em toda a França, que atinge a educação, os transportes e os correios. Os protestos ocorrem por conta da situação econômica da França, que não é nada boa.

De acordo com informações do jornal francês Le Monde, os próprios sindicatos da França foram surpreendidos pela dimensão do movimento grevista e pelas mobilizações, espalhadas por todo país. Nada menos do que 600 mil pessoas participaram de 177 eventos durante a terça-feira, segundo estimativas do Solidaires (SUD), importante grupo sindical da França.

Reforma da previdência e melhores salários em pauta
As centrais sindicais da França – CGT, CFDT, FSU, SUD e UNSA – organizaram essa mobilização desde fevereiro, tendo como objetivo central reivindicar que o governo francês altere os rumos de sua política econômica e social. Um dos pontos que mais têm gerado descontentamento nos trabalhadores franceses diz respeito à Reforma da Previdência, que deve ser apresentada pelo governo entre abril e setembro deste ano.

Os grevistas também reivindicam melhores salários e uma política eficaz no combate ao desemprego no país. Vale lembrar que a França foi uma das economias mais abaladas pela crise financeira internacional de 2009 e ainda não conseguiu se recuperar a níveis satisfatórios, o que vem comprometendo bastante a popularidade do presidente Sarkozy. Além disso, o estilo pessoal do presidente é desaprovado por 54% dos franceses, segundo pesquisa do Instituto CSA encomendada pelo jornal Le Parisien.

Não é demais destacar que os próprios correligionários de Sarkozy têm criticado bastante o presidente. Tanto que na segunda-feira, 22, o presidente francês realizou uma “mini-reforma” de Gabinete, procurando acomodar políticos ligados a lideranças como Jacques Chirac e também Dominique de Villepin, que, diante da crise de popularidade de Sarkozy, é hoje o nome mais cotado dentro da UMP para a eleição presidencial de 2012.

Mobilizações em todo país
Segundo estimativas da CGT, 60 mil manifestantes tomaram as ruas de Paris nesta terça-feira. Em Bordeaux, calcula-se que participaram das manifestações cerca de 20 mil pessoas, enquanto em Toulouse as manifestações reuniram 18 mil franceses. As mobilizações foram intensas também em Marselha, com participação de 50 mil pessoas, incluindo os trabalhadores de uma empresa de chás da região, que já estão na terceira semana em greve por melhores salários.

Analistas dos principais jornais franceses sugerem que este seria um “terceiro turno” para Sarkozy: um turno social, após a derrota nas urnas nas eleições regionais de domingo. Enfrentando críticas da maior parte da população e também de lideranças do seu partido, de fato razões não faltam para tirar o sono de Sarkozy. Vejamos como ele irá enfrentar tudo isso.

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