quinta-feira, 18 de março de 2010

O inferno astral de Serra





Às vésperas do seu aniversário, o governador de SP e presidenciável do PSDB, José Serra, parece enfrentar um inferno astral dos mais implacáveis. Ao mesmo tempo em que vê seu nome cair cada vez mais nas pesquisas de intenções de voto, Serra ainda enfrenta uma greve do magistério paulista, iniciada em 8 de março, e ao que tudo indica ainda terá que enfrentar uma greve dos servidores da Saúde.

Se fosse somente isso, ainda poderíamos dizer que a maré para Serra de fato não está boa, mas a situação do presidenciável tucano se complica mais ainda com o noticiário nada favorável envolvendo seus demo-aliados, como o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Pelo visto, Serra é abalado não por uma maré “brava”, mas por uma tsunami das mais fortes.

Tendência de queda de Serra também no Sudeste
Certamente, uma das maiores preocupações da oposição diz respeito à tendência declinante verificada pela candidatura de Serra nas pesquisas de intenção de voto. O governador de SP tenta se esquivar, dizendo que “não comenta pesquisa nem quando está disparado”, enquanto seus aliados tentam minimizar os resultados da pesquisa, dizendo que o crescimento da candidatura governista deve-se à maior exposição da ministra Dilma.

Verdade é que inclusive na região Sudeste, onde o desempenho de Serra é melhor, ele já registra tendência de queda. De acordo com o levantamento do Datafolha, em agosto de 2009, o tucano tinha 44% das intenções de voto no Sudeste, caindo para 41% em dezembro daquele ano e chegando aos 38% em fevereiro de 2010. Enquanto isso, Dilma passou de 13% das intenções de voto no Sudeste em agosto/09 para 19% em dezembro/09, atingindo 24% em fevereiro/10 no Sudeste.

Noticiário negativo dos aliados atrapalha
O noticiário político relacionado aos seus aliados também é um fator negativo que tem que ser administrado por Serra. Desde o final do ano passado, quando surgiram as denúncias contra o então governador do DF, Arruda, a situação já inspirava preocupação na oposição. Com a prisão de Arruda, em fevereiro deste ano, e a cassação do seu mandato, nesta semana, o cenário ficou ainda mais nebuloso.

Não bastasse isso, outro aliado do governador – o prefeito de São Paulo, Kassab – também tem sua popularidade em queda. Isto porque desde dezembro a maior cidade do país tem registrado índices pluviométricos bem altos e, diante da falta de planejamento e investimento da prefeitura em infra-estrutura que comportasse essas chuvas, São Paulo teve que enfrentar inundações constantes, prejudicando grande parte da população paulistana.

Serra enfrenta greves de servidores em SP
Além de tudo isso, Serra enfrenta desde o início de março uma greve dos professores da rede estadual, que reivindicam, além de uma reposição salarial de 34,3%, uma reestruturação da política de educação desenvolvida pelo governo do Estado. A greve já completa sua segunda semana e ainda não tem previsão do final. Na semana passada, uma manifestação de professores na Avenida Paulista reuniu 40 mil pessoas, segundo informações da Apeoesp (Sindicato dos Professores).

E não são apenas os professores que estão insatisfeitos com as políticas públicas do governo Serra: na próxima sexta-feira, 19, servidores da Saúde deverão aprovar em Assembléia uma greve, a começar já na próxima semana. A pauta de reivindicação engloba reposição de 40% referente a perdas salariais e o fim da terceirização dos serviços, além do sucateamento do SUS no Estado de SP.

Percebe-se, assim, que o cenário para Serra não é nada favorável. E ao contrário dos infernos astrais tradicionais, que acabam no dia do aniversário, o de Serra parece que ainda vai durar muito tempo.

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