segunda-feira, 29 de março de 2010

Opinião: Serra - a face da ditadura que assombra São Paulo



Folhear os jornais e revistas de grande circulação, especialmente no estado de São Paulo, transformou-se há tempos em um exercício de resistência estomacal. É difícil ler a maioria dos seus editoriais e notícias tendenciosas sem ter um estomazil ou sal de frutas ao lado. Em suas páginas, omitem os avanços obtidos pelo governo Lula e preferem criar factóides, críticas infundadas ao presidente e ao PT, ao mesmo tempo que servem de panfletos políticos dos setores demo-tucanos.

Tem sido assim no episódio recente da greve dos professores estaduais em São Paulo, próxima a completar o primeiro mês de duração. Preferem associar a imagem dos professores, que lutam por melhores salários e uma política de educação mais eficiente, a baderneiros do que relatar o que realmente acontece no Estado, buscando partidarizar o movimento legítimo do magistério paulista. O governador, por sua vez, além de querer partidarizar a greve, ainda procura desqualificar o movimento e o trata com a mais absoluta violência.

Foi o que aconteceu, por exemplo, na última sexta-feira, 26, quando os professores, ao realizarem uma manifestação pacífica em frente ao Palácio dos Bandeirantes, foram agredidos violentamente pela PM de Serra. O governador não estava lá: fugiu naquela manhã para o interior do Estado de São Paulo, sob o pretexto de entregar obras. Como vem demonstrando desde o início do movimento grevista, Serra não quer dialogar com os professores – prefere trata-los com a mais intensa repressão.
Tucanos querem processar Apeoesp
E agora, na tarde desta segunda-feira, 29, eis que chega a notícia que o PSDB, o partido do governador paulista e candidato à Presidência da República, irá processar a Apeopesp (Sindicato dos Professores) por contrapropaganda partidária. Nada mais absurdo dentro do regime democrático que querer aplicar a “lei da mordaça” – instrumento muito popular na época da ditadura – para tentar calar as vozes de manifestantes que lutam por condições mais dignas nas suas profissões.

Na argumentação tucana, a Apeoesp e sua presidente, Maria Izabel Noronha, estão utilizando a greve como palanque eleitoral contrário ao governador Serra. Mas ora, se os professores estão reivindicando melhores salários e uma melhor política de educação é porque definitivamente não concordam com os rumos traçados pelo governo Serra. Então, qual o mal em se criticar a política de Educação de São Paulo? Não vivemos em uma democracia? Ou a democracia só serve se as críticas forem direcionadas ao PT e ao governo Lula?

Além do mais, os professores criticam a postura de Serra perante o movimento grevista: a arrogância do governador e pré-candidato do PSDB à Presidência da República de não querer ouvir as reivindicações da categoria, de negar-se ao diálogo e, pior, de usar de mecanismos repressores para tentar abafar o movimento. Nada mais natural, portanto, que os professores, tão maltratados pelo governo Serra, não queiram votar nele para Presidente! Isso não é partidarizar o movimento e sim manifestar democraticamente a opinião.

Mas Serra e o PSDB, como sempre fazem, preferem utilizar artimanhas jurídicas para desqualificar os seus opositores. Na visão tucana, é mais fácil cercear a liberdade de expressão dos manifestantes do que dialogar; é mais “prático” utilizar o aparato policial para reprimir, do que receber o comando de greve no gabinete e negociar. Para finalizar, é muito estranho que um candidato que sofreu perseguição na época da ditadura militar utilize de métodos repressivos quando chega ao poder. Mais estranho que isso é ver que uma parte da população apóia esse tipo de desmando do pré-candidato Serra. Esperemos que a campanha sirva para abrir os olhos de quem ainda acredita nos tucanos.

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